_apresentação Este Manual pretende esquematizar todas as etapas para da criação de conteúdo audiovisual na cobertura das manifestações do 19 de junho pelos Jornalistas Livres. Da contextualização do ato, preparação, captação e base, todos os processos serão explanados e apresentados para um maior entendimento dos jornalistas envolvidos.
As manifestações que tomaram conta de todo o país no dia 29 de maio foram gritos de desespero popular fomentado pelo momento social e político brasileiro. Com quase 500 mil mortos pelo novo coronavírus, o Brasil avança desenfreadamente para se tornar o país com o maior número de óbitos causados pela pandemia, uma inevitável tradução da necropolítica do Governo Federal no combate à pandemia. Agora, no dia 19 de junho, as manifestações serão ainda maiores com mais de 408 atos confirmados no Brasil e no exterior, além de contar com o apoio de mais partidos de esquerda. #forabolsonaro #19J #VacinaParaTodos (veja aqui)
Manual para a prevenção da covid-19
1. Não vá ao ato caso seja do grupo risco, more com alguém nessa situação, esteja com sintomas ou se sinta inseguro(a)
2. Mantenha distância das pessoas de pelo menos 1,5 m e lembre seus colegas disso;
3. Mantenha-se de máscara o tempo todo, de preferência a PFF2/N95 – Leve uma extra e troque caso ela esteja úmida ou danificada. Se puder leve outra máscara PFF2 para doar a alguém; lembre-se de colocar e retirar a máscara corretamente;
4. Leve álcool 70% em gel e use sempre – Antes de beber e comer alguma coisa; se precisar receber ou passar cartaz/placa/faixa. Seja solidário e aplique álcool nas mãos de quem precisar.
Manual para a segurança dos jornalistas livres para a manifestação
1. Não saia sem documentos.
2. Sinalize aos amigos onde estará. De preferência, vá ao ato acompanhada(o).
3. Não deixe o seu celular sem bateria. Leve um carregador.
4. Cuide para que seu celular não seja roubado. Ele é sua ferramenta de trabalho.
5. Se houver repressão, jamais olhe para o lado em que a polícia está atacando. Deixe que a câmera do seu celular “olhe” e registre a ação da polícia.
6. Use sempre em manifestação o crachá dos Jornalistas Livres.
7. Não discuta com policiais.
8. Não aceite provocações de bolsonaristas.
9. Se um agente policial atacar algum manifestante, ou grupo, tente gravar a placa da viatura, nome no uniforme e o número do batalhão (deve estar na viatura e/ou no uniforme).
10. Em caso de prisão, grite seu nome para que os companheiros possam localizá-lo posteriormente.
11. Nunca abandone um companheiro que esteja sendo detido. Mantenha-se calmo e o acompanhe até a viatura.
12.Tenha sempre à mão o telefone da Comissão de Direitos Humanos da OAB (em São Paulo é o 11 3291-8212) e use-o quando necessário
13. Um policial não pode pegar o celular ou apagar imagens, nessa situação o ideal é ir até a delegacia e acionar os advogados ativistas, mas nunca entregar o aparelho.
Manual prático para postagem nos jornalistas livres
Somos apartidários e independentes; acreditamos na força das redes, na ousadia e nas parcerias com os movimentos populares. Sabemos, entretanto, que a credibilidade –baseada na acuidade da informação e nas melhores técnicas de apuração jornalística— é nossa maior arma na luta contra a desinformação promovida pela mídia corporativa e a serviço dos grandes grupos econômicos. Antes de publicar qualquer informação nas páginas administradas pelos Jornalistas Livres, questione-se:
1. Título, texto e legendas são irresistíveis ao ponto de capturar a atenção não de iniciados, mas de seus amigos e parentes? Ou estão ali apenas para cumprir tabela? Na dúvida, reescreva. E, de novo. E mais uma vez, até conseguir. É desejável que o título seja sempre em caixa alta. E não se esqueça de olhar as hashtags (#) que estão sendo usadas pelos apoiadores do ato e colocá-las no começo ou final do post.
2. Informação boa é informação checada. É aquela baseada em algo que você testemunhou, em entrevistas consistentes, em documentos, no cruzamento de fontes. Mas, e se a notícia chegou pelas suas redes e não foi apurada por você? Desconfie. Trate a mensagem como uma versão de um fato antes de publicá-la como fato. Vá atrás da origem da informação. E duvide sempre de informações obtidas apenas de poucos registros na internet. As maiores cascas de banana para o jornalismo sério são as mentiras espalhadas na web. Não caia nessa.
3. Ainda que a fonte seja confiável, questione. Será ela teve os mesmos critérios e cuidados que você e os padrões do Jornalistas Livres empregam na apuração? Lembre-se: todo mundo erra, até os amigos. Obrigue-se a checar, compare dados, seja detalhista e, por que não?, chato. Faça perguntas a quem passou a informação a você. Aproveite para dar os créditos corretamente. Quem assina, amigo é. E quem assina também se responsabiliza pelo o que diz. Sempre desconfie e evite anonimatos – a não ser que seja você o responsável pela preservação da identidade do entrevistado.
4. A fonte é confiável e você quer repostar ou compartilhar a informação? Pergunte-se: vale a pena emprestar a credibilidade dos Jornalistas Livres a essa fonte? Ela é nossa parceira e respeita os nossos valores? Estamos oferecendo às nossas centenas de milhares de seguidores uma informação com que tipo de viés ideológico/político? Cuidado com partidarismos. Temos lado (o da democracia, dos direitos humanos e das conquistas sociais), mas não temos partido.
5. Memes são as novas charges. Muitas apelam para humor e informam. Isso é bem legal e, em geral, acarreta grande número de interações com os leitores. Mas há centenas de variantes no humor e, por isso, é imprescindível analisar o tipo de piada/crítica/cutucada que o meme traz. Será que a brincadeira vai ofender? Será que o meme apela para escatologia ou piada de mau gosto? Fere sensibilidades de grupos socialmente vulneráveis? Na dúvida, não publicamos. E sempre é bom lembrar a regra máxima da ética da reciprocidade: “Tratamos os outros como gostaríamos que fôssemos tratados.”
6. Tem criança na foto/vídeo/texto? Cuidado redobrado. Ninguém pode ser exposto em situações constrangedoras, criminalizadoras, estigmatizantes ou degradantes. Incluem-se crianças e adolescentes. Vetamos o uso do termo “menor” para nos referir a criança ou adolescente. Jamais publicamos o nome de criança ou adolescente em conflito com a lei (bem como quaisquer outras informações que permitam sua identificação ou localização). Defendemos o princípio da inocência até prova em contrário. Até lá, aliás, tratamos os acusados por “acusados” e lhes reivindicamos amplo direito à defesa.
7. Recebemos material de divulgação, pauta, fotos, vídeos, flyers de eventos, post, texto etc. proveniente de movimento popular, de partidos ou de políticos? Depois de avaliação do material recebido, tendo concluído pela autenticidade e relevância da comunicação, publicamos. Mas, sempre acompanhado de um texto jornalístico sobre o comunicado. A convocação de um evento partidário por flyer, por exemplo, impõe a necessidade de publicarmos um texto que deixe claro que o chamamento é do partido e não dos Jornalistas Livres. É indicado que esse texto informe quem está convocando, por que está convocando, o que está sendo proposto, quem se opõe a tal convite, quais as celebridades que estarão presentes. Qual a natureza da disputa política em jogo.
8. Quando optamos por ter um lado, carregamos valores e opiniões. Mas eles devem estar fundamentados em fatos. Podemos usar adjetivos, fazer textos que flertam com o jornalismo literário. Porém, é importante que as percepções e valorações estejam acompanhadas por informações e fatos objetivos. Isso garante textos mais equilibrados e justificam as subjetividades. Temos alma, mas ela tem de ter conteúdo.
9) Na dúvida, não publicamos. Compartilhamos nossas questões com os colegas nas redes no Telegram. Não nos envergonhamos de pedir opiniões, perguntar, provocar. Em jornalismo, não há pergunta ruim. Há respostas ruins. A parte mais legal de fazer jornalismo em rede é compartilhar experiências. A rede sempre vai nos ajudar.
10. Tantos cuidados não nos livraram do erro? Honestamente, corrigimos o mau passo em todas as nossas plataformas de publicação. Sem subterfúgios e nem drama. E vamos ser felizes!
Manual da cobertura audiovisual
A comunicação audiovisual é o ponto forte das manifestações, e nesta seção será abordada a melhor maneira de cobrir, com alguns cuidados estéticos – que facilitam a comunicação e deixam a intenção mais clara – e outros artifícios para ajudar os jornalistas de campo. Importante ressaltar que o conteúdo é sempre o mais importante, independentemente da forma do registro. Viu algo que seja importante? Registre.
-para lives (facebook/youtube/twitter/instagram)
1. Posição do celular – A melhor posição para a captação de lives no Facebook, Twitter e YouTube é na horizontal, e a melhor posição para lives no stories do Instagram é na vertical. – A câmera na altura dos olhos e afastada é a melhor posição em que podemos registrar entrevistas e nós mesmos quando em selfie. Desta maneira, evitamos a dispersão do olhar e nos comunicamos diretamente com o espectador.
2. Peça autorização para aqueles que serão filmados e priorize o uso da máscara – Quem vai à manifestação está lá para ser visto, entretanto, o cuidado de pedir a autorização para usar a imagem do entrevistado é sempre bem-vinda.
3. À noite busque iluminação adequada – Um rosto na sombra ou mal iluminado dificulta a comunicação e perde objetividade e legitimidade. Procure alguma fonte de luz próxima, seja um poste de luz, farol de carro ou até mesmo, a lanterna do celular.
4. Bateria externa e fone de ouvido com microfone – Por precaução leve uma bateria externa para manter seu celular com carga. O uso de aplicativos gasta uma enorme quantidade de bateria. Um fone de ouvido com microfone consegue isolar o barulho externo (pessoas gritando, carros de som) e melhora a comunicação sua e do entrevistado.
-para captação de imagem
Na captação de vídeos e fotografias que não sejam de lives, os cuidados continuam os mesmos, exceto pela posição da câmera, estabilização e outras recomendações:
- Posição da Câmera – A melhor posição para captar quaisquer outras imagens como vídeos e fotos, é com o celular na horizontal no modo paisagem. Este aspecto dá margem para ser reaproveitado por outros vídeos e mídias.
2. Estabilização da Câmera – Quando mexemos muito a câmera, não conseguimos ver exatamente o que está sendo gravado. Mova lentamente a câmera do celular. Pense na visualização do vídeo pelo espectador e que ele precisa ver a maneira mais objetiva possível.
3. Vá com outra pessoa para captar o áudio com o celular em casos de entrevista – A configuração ideal é que uma pessoa capte a imagem e outra entreviste e capte o áudio. O entrevistado não se sente à vontade falando diretamente para câmera, pois torna a situação impessoal. A presença do cinegrafista e entrevistador dá seriedade e compromisso com o registro.
_para envio de material
Para o envio dos materiais captados, existem algumas maneiras de fazer ele chegar até a nossa base que cuidará das postagens, curadoria, edição de videos e gifs. A melhor delas é enviar diretamente do celular para o email dos Jornalistas Livres, no endereço: [email protected]
2 respostas
Gostaria que dessem a relação das cidades que participarão, gratidão ??
isso que se faz tira esse genocida do Brasil