Michelle Bolsonaro convoca jejum enquanto 33,1 milhões de brasileiros passam fome

Michelle Bolsonaro compartilhou em seu perfil no Instagram um vídeo em que pastores convocam a população para 30 dias de jejum e oração.

A primeira-dama Michelle Bolsonaro compartilhou na última sexta-feira (02), em seu Instagram, um vídeo de pastores evangélicos, apoiadores de Bolsonaro,  convocando fiéis a fazer um mês de jejum e orações pelo Brasil. O sacrifício teria início no dia 2 de setembro e terminaria no dia do primeiro turno das eleições, 2 de outubro. Aparecem no vídeo os pastores: Claudio Duarte, JB Carvalho, Lucinho Barreto, João Queiroz, Júnior Rostirola, Ezenete Rodrigues e Gerson Costa. 

Na legenda, Michelle Bolsonaro usa o trecho da Bíblia “se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e curarei a sua terra.” 

A disputa pelo eleitorado evangélico está sendo um dos maiores divisores de água dessas eleições.  Apesar de Bolsonaro ter a maior intenção de voto neste público de forma geral, entre os evangélicos mais pobres, que recebem até dois salários mínimos, Lula lidera. A última pesquisa Datafolha indica que até 44% dos evangélicos mais pobres não votariam em Bolsonaro de forma alguma. Os altos indicadores de fome do Brasil talvez justifiquem esses números. 

Segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (PENSSAN), em 2022, 33,1 milhões de pessoas estão passando fome. Os estudos publicados ainda mostram que 58,7% da população vive em estado de insegurança alimentar, ou seja, quando a pessoa não tem acesso regular à alimentação adequada, podendo passar por níveis de incerteza de fluxo de comida, insuficiência e privação. Durante os dois anos de pandemia, quase 14 milhões de brasileiros entraram no Mapa da Fome.

Convocar uma população que passa fome para um jejum de 30 dias mostra o desprezo com a miséria que assola os mais vulneráveis no país. O Brasil vive hoje uma realidade que ninguém gostaria de presenciar: 6 em cada 10 famílias não têm acesso pleno a alimentos. São 125,2 milhões de pessoas no Brasil passando por algum nível de insegurança alimentar. Essa classificação inclui apenas pessoas que estão passando fome e aquelas que estão preocupadas por não saber se terão o que comer no dia seguinte.

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