Fome….O Bruno Covas acaba de condenar milhares de professores municipais de São Paulo à fome, como retaliação pela greve que eles estão fazendo contra o retorno às aulas, em plena pandemia. O morticínio pela Covid atingiu ontem a marca terrível de mais de 1.000 mortes em apenas 24 horas no Estado de São Paulo. Culpa do Bolsonaro, mas culpa também do Covas e do Doria, que obrigaram os professores a voltar às aulas, enfrentando ônibus, metrô e trens lotados. Isso sem contar as milhares de crianças que, indo e vindo para as escolas, devem ter levado o vírus para seus entes queridos. Mas tucanos nunca reconhecem seus erros. Em vez disso, como sempre, tentam humilhar os trabalhadores e criminalizar a luta. E foi o que aconteceu. Ontem, os professores receberam seus contra-cheques com o desconto dos dias parados. Em vez de seus salários já aviltados, migalhas. É desesperador. É condenar famílias inteiras à fome, em plena pandemia.
Texto da professora Paula
Desde o dia 10/2, professores e demais servidores da educação da cidade de SP, ao lado dos professores e demais servidores da educação do estado de SP, desde 29/01, tivemos que entrar em greve contra o projeto genocida de transformar escolas em polos de transmissão de COVID, sob o falso argumento de que a escola é serviço essencial e que seu funcionamento presencial não poderia ser suspenso. Nada convenceu os governantes a alterar seus planos, apesar do anunciado aumento assustador da pandemia em São Paulo e em todo o país. Somente após a confirmação da situação extrema em que nos encontramos agora, com o colapso do sistema de saúde público e privado, governos estadual e municipal, Dória e Covas (PSDB), suspenderam temporariamente as atividades escolares, impondo um recesso e antecipação de feriados, no que parecia ser, finalmente, um sinal de compreensão do acerto de nossa recusa em estar presencialmente nas escolas, que tornaram-se efetivamente, focos de disseminação do vírus.
Hoje, porém, 23/03 a Prefeitura de São Paulo mostrou mais uma vez sua face desumana, ao realizar o desconto dos dias parados de trabalhadores da educação que permanecem em greve desde o dia 10/02 sem obter nenhum êxito nas tentativas de negociação com representantes do poder público. Esse desconto contraria uma tradição de décadas na prefeitura de São Paulo, onde várias greves foram realizadas, porém, através de negociação, nunca foram descontados os dias parados, sob o compromisso da reposição de aulas e demais trabalhos da escola. O mesmo ocorre com os professores do Estado de SP, o estado mais rico do país e que paga um dos piores salários do Brasil aos seus professores. Hoje, infelizmente, muitos professores e demais profissionais da educação do estado e da cidade de São Paulo não têm como garantir suas dignas condições de vida e são condenados á fome. Não têm como pagar suas contas, aluguel, fazer compras no mercado, alimentar sua família. Estamos sendo constrangidos pelo poder público por não termos aceitado ir às escolas favorecer a transmissão da COVID entre nossa comunidade e na cidade.
Precisamos do apoio ativo de entidades e de todas as pessoas que entendem a justeza de nossa luta, através de manifestações de solidariedade aos educadores em greve e de repúdio à retaliação realizada por Covas e Dória, que jogam milhares de famílias de servidores da educação em uma situação de vulnerabilidade, diante do quadro da pandemia que assola o país. Corte no salário significa constrangimento, inadimplência, dívidas, fome.
Como professora em greve e em nome de todas e todos os colegas que sofreram descontos brutais em seus salários (o meu salário líquido é de R$11 neste mês), peço sua solidariedade e apoio à nossa luta, para que a prefeitura e o estado reconheçam seu erro, paguem imediatamente nossos salários e atendam nossas reivindicações. Escola não é matadouro nem campo de concentração! Retorno presencial, só quando houver segurança!
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