O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) tuitou na última quarta-feira (31) um vídeo de uma suposta manifestação de indígenas a favor de seu pai, Jair Bolsonaro. O vídeo foi chamado de “indiociata” (termo que, aliás, é de cunho racista); na verdade, se tratava de um ritual fúnebre em homenagem a vítimas de Covid-19. A Associação Terra Indígena Xingu (Atix) se manifestou nas redes sociais repudiando a fala do vereador.
Por Thaís Helena Moraes
No vídeo, dois indígenas andam em fila carregando uma faixa onde se lê “Meu Partido é o Brasil” ao lado de uma foto do presidente. As imagens foram registradas durante um ritual fúnebre chamado Kuarup, realizado no Território Indígena do Xingu. Segundo a Folha de São Paulo, os homens que seguram a faixa são kamaiurás, que é apenas um dos povos dentre todos convidados para a cerimônia. Seu posicionamento não reflete a opinião de todos presentes no ritual.
A Associação Terra Indígena Xingu repudiou a atitude de Carlos Bolsonaro, alegando que o político se apropriou da celebração de forma desonesta. Em nota, a Associação afirmou que “o ato é uma afronta a tudo que a Kuarup representa de sagrado”, e que a publicação do vídeo com fins eleitoreiros é um “total desrespeito pelo povo xinguano”. Para a Associação, os indígenas que se manifestaram a favor de Bolsonaro são “meros induzidos”, uma vez que também sofrem com suas políticas contra a demarcação de terras e a favor do desmatamento e agronegócio. A Atix destaca ainda que Bolsonaro não tem “qualquer apreço e sensibilidade pela causa indígena”.
Essas e outras atitudes da família Bolsonaro, como o apelo escancarado de Michelle aos evangélicos, fazem parte dos esforços para tentar a reeleição de Jair. O candidato, que concorre pelo PL, está perdendo para Lula: segundo pesquisa do Datafolha, o atual presidente tem apenas 32% das intenções de voto, enquanto o candidato petista tem 45%.