A árvore do conhecimento e aqueles de machado em punho

Comunidade acadêmica se une contra a pedagogia do atraso

Há forte reação, entre alunos e professores, às infelizes palavras do professor, na Escola Paulista de Medicina. Precisamente a afronta foi proferida pelo Prof. Dr. Henrique Caivano Soares, durante uma aula da Unidade Curricular de Medicina Legal, ministrada para a turma do 3º ano da Escola Paulista de Medicina.

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Durante a semana circularam nas redes sociais disparates versando sobre o atraso dos povos indígenas de nosso território e os pretos atrasados que se permitiam escravizar.

Foi como um terremoto no quinto dos infernos, localidade que Dr. Henrique citou em seu discurso racista, em que define a miscigenação do povo brasileiro através de um pessoal ressentimento da ausência da raça pura nas terras brasileiras.

Mais um lunático surge entre nós, mais grave pelo lugar que ocupa, ditando mentiras a alunos de medicina. Vários manifestos de repúdio invadiram a universidade. A razão mostra-se viva, a verdade que recusa falsa pedagogia.

O Centro Acadêmico Pereira Barretto (CAPB), entidade representativa das estudantes e dos estudantes de medicina da Universidade Federal de São Paulo, concluiu seu manifesto de repúdio citando Florestan Fernandes:

“Ou os estudantes se identificam com o destino do seu povo, com ele sofrendo a mesma luta, ou se dissociam do seu povo, e nesse caso, serão aliados daqueles que exploram o povo”.

Em nota hoje, há pouco divulgada, a Reitoria da Unifesp reafirma o seu compromisso com o combate ao racismo, citando resolução do Conselho Universitário. Nessa resolução consta um firme posicionamento da Unifesp, quando reafirma:

– que o racismo é um ato de injustiça, que fere o direito fundamental à igualdade, atenta contra a dignidade humana e tem efeitos profundamente deletérios para a vítima
– que as discriminações por motivos de raça, cor ou origem étnica são imorais, condenáveis e incompatíveis com o Estado Democrático de Direito, constituindo-se um obstáculo à cidadania, à consolidação da democracia e ao desenvolvimento social;
– a persistência das condições de iniquidade social e a necessidade premente de implementação de políticas de redução das desigualdades raciais e de reconhecimento e valorização das identidades negras, indígenas, de populações tradicionais e demais grupos historicamente racializados e discriminados por suas histórias, culturas e origens;
– a luta dos povos negros e indígenas pela vida digna, pela igualdade étnico-racial, pela liberdade, pela justiça social e pela preservação de seus valores, culturas e crenças.


https://www.unifesp.br/boletins-anteriores/item/5224

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