Pesquisa desenvolvida na Universidade Federal do Paraná pelo PDUR (Pesquisa e Extensão em Políticas Sociais e Desenvolvimento Urbano)
Os maiores municípios da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) encerraram o ano de 2020 com mais de 160 mil casos confirmados de Covid-19 e mais de 3 mil mortes causadas pela doença. Monitoramento do combate à pandemia na região revela a baixa testagem e a sub-notificação como políticas, a partir das quais se construiu um quadro de estabilidade artificial, que mascarava a necessidade do endurecimento das medidas de isolamento social. Com base nesses dados irreais foi criado um sistema de bandeiras na capital Curitiba, que estabelecia critérios técnicos para definir o abrandamento ou enrijecimento das medidas de isolamento social e o funcionamento do comércio.-
A estratégia foi a de administrar os impactos da crise sanitária ao invés de enfrenta-la, que definimos como “gerenciamento da pandemia”. No lugar de evitar a transmissão do novo coronavírus, optou-se por fornecer lugar para tratamento dos doentes, trabalhando por meses a fio com o SUS no limite, mediante ampliação de leitos, ou seja, as políticas adotadas como o sistema de bandeiras visavam sobretudo preservar o sistema e sua capacidade de, continuadamente receber novos pacientes.
Se a quantidade de leitos tivesse permanecido a mesma do início da pandemia (308 leitos), em dezembro quando se registrou o maior número de pacientes internados (597 leitos ocupados em 14 de dezembro), a demanda teria excedido em 93,83% a oferta de leitos. Em números absolutos, 289 pessoas ficariam sem encontrar uma vaga.
Além disso, o poder público tinha conhecimento das altas taxas de letalidade entre os pacientes graves, cerca de 25%, e que estava expondo milhares de pacientes a risco de morte.
Durante os meses de aparente estabilidade (entre setembro e outubro) a manutenção da estratégia de “gerenciamento” estabeleceu o que pode ser chamado de “novo normal”: “horário comercial pandêmico”; uso obrigatório de máscaras; picos de contaminação após feriados; mortes diárias por Covid-19.
Todos estes esforços se justificavam para não fechar a economia, o maior objetivo dos gestores desde a confirmação dos primeiros casos, que se sobrepôs ao direito à saúde.
Link para versão completa do relatório:
https://drive.google.com/file/d/1cmfQgxidcGpA50bsWa_6VnUJW5V93NNg/view