Horror da pandemia é registrado em vídeo impactante de Kiko Goifman

Em minidocumentário apresentado pelo ator Caio Blat cineasta relembra a angústia de ter estado 10 dias na UTI com covid enquanto o presidente Jair Bolsonaro mostrava seu desprezo à gravidade da doença e sua injustificável demora em comprar vacinas
Mortes demais porque Bolsonaro não quis comprar vacinas e ficou de brincadeira com a pandemia
Mortes demais porque Bolsonaro não quis comprar vacinas e ficou de brincadeira com a pandemia

O cineasta Kiko Goifman lançou ontem um mini documentário em vídeo sobre os 10 dias que passou na UTI em 2021 em suas redes sociais. Apresentado pelo ator Caio Blat, o vídeo relembra o horror da pandemia que já matou 687.581 pessoas no país. Kiko, diretor de FilmeFobia (2008) e Bixa Travesty (2018), sobreviveu para contar sua história -e a de muita gente que, como ele, teve medo de morrer sozinho.  

“O vídeo nasceu de dois caminhos. Quando eu estava assistindo debate no domingo (16 de outubro), o Lula atacou a questão da covid e encurralou o canalha, ele ficou constrangido e não sabia o que dizer. E, dias depois, eu assisti àquela reunião dos comunicadores com o Lula, na qual se falou muito da importância de contar histórias pessoais nas redes.”

Kiko Goifman contraiu covid em 2021 e ficou 10 dias na UTI. Seu filho Pedro também ficou doente na mesma época, mas ficou isolado em casa. “Nós estávamos totalmente querentenados, saindo o mínimo, tomando todos os cuidados. Saíamos apenas para ir ao mercado ou à farmácia – e, ainda assim, pegamos a doença.”

É essa história, que Kiko descreve no vídeo como a de ter chegado à “beira da morte”, que conduz o minidocumentário de 2 minutos e 37 segundos. Durante a internação, longe de casa e da família, ele, como muitos brasileiros, só seu celular à mão para se comunicar com os amigos e, sobretudo com seu filho Pedro. “A ala da covid, nos hospitais, é um lugar de dor muito forte -e a dor mais aguda é a solidão.”

O filme, apresentado pelo ator Caio Blat, traz o depoimento do filho de Kiko, que também é ator. O impacto das imagens captadas no hospital do cineasta com a máscara relembra toda a angústia da doença e a incerteza que o povo brasileiro viveu nos períodos mais agudos da pandemia e à espera das vacinas: “Eu só soube depois que havia a chance de eu ser entubado, mas só precisei da máscara de oxigênio. E a máscara foi um dos maiores horrores da minha vida, tenho pesadelos até hoje.”

Kiko, cujo trabalho como diretor e roteirista sempre foi marcado por uma aguda consciência social e pela militância política, também realizou na semana passada um vídeo distribuído nas redes sociais em que Caco Ciocler, que viveu o psiquiatra Gustavo na novela “Pantanal”, alertava a comunidade judaica sobre as ligações (e simpatias) de Jair Bolsonaro com grupos e ideias neonazistas. 

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