A Covid-19 mata 2 crianças com menos de 5 anos por dia no Brasil; Bolsonaro não libera a vacina

Anvisa já autorizou a vacinação de crianças a partir de 6 meses, mas o governo apenas liberou para o grupo com comorbidades

Levantamento feito pela Observa Infância em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), revela que 2 crianças com menos de 5 anos morrem por dia devido a complicações causadas pela Covid-19 no Brasil. Atualmente, 9% do total de internações nos hospitais correspondem a essas crianças. 

Por Raquel Tiemi

Desde o início da pandemia, foram 1439 mortes nessa parcela da população, tendo a região nordeste como a mais afetada. Mesmo com a curva de hospitalizações e mortes por Covid-19 apresentando queda em todas as faixas etárias, para os mais novos essa diminuição tem sido mais lenta. 

“Essas crianças continuam muito vulneráveis porque o vírus continua circulando. A vacina impede a manifestação das formas graves e boa parte dos óbitos, mas, ainda assim, o vírus circula. E a criança não vacinada tem sido, sim, impactada”, disse o pesquisador e coordenador do grupo, Cristiano Boccolini.

Contrariando especialistas da área, Jair Bolsonaro (PL), nesta sexta-feira (14), propagou mais uma vez desinformação sobre o tema: “A molecada não sofre com vírus”, declarou em entrevista a um podcast. 

Atraso na vacinação contra a Covid-19 para crianças

A parcela geral de crianças entre 6 meses e 2 anos permanece sem imunização liberada pelo governo, apesar da Anvisa já ter autorizado a aplicação da Pfizer nesses casos. Apenas grupos com comorbidades dessa faixa etária podem tomar a vacina. Os imunizantes disponíveis são: Coronavac para o público de a partir de 3 anos e Pfizer para faixa etária de 5 a 11 anos. 

Além da demora do governo para a liberação das doses para os mais novos, há uma falta de vacinas da Pfizer cujo contrato vale até o final deste ano. Até dezembro, a  empresa farmacêutica deve entregar 35 milhões de doses, as quais poderão ser destinadas às crianças. 

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, é o principal responsável pela autorização e entrega das doses. No entanto, ele tem evitado o assunto e oferecido respostas vagas. Como em 23 de setembro, quando foi questionado sobre a vacinação a partir dos 6 meses e respondeu que “não deve tardar”. 

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