A Copa do Mundo do Catar, que será realizada entre novembro e dezembro deste ano, utilizará um mecanismo nunca antes visto no futebol: a tecnologia semiautomática de impedimento. O sistema de monitoramento terá 12 câmeras espalhadas pelo estádio, que saberão a posição exata dos jogadores, além de um sensor no centro da bola, Al Rihla, que saberá o momento de contato entre o objeto e o esportista. A ideia é que os impedimentos, que são resolvidos em média em 70 segundos, poderão ser resolvidos entre 20 a 25 segundos, o que pode tornar as decisões mais rápidas e precisas.
Por Beatriz Pecinato
Nos lances impedidos, toda vez que um jogador tocar a bola depois do limite permitido, uma luz acenderá na cabine do VAR, e um operador será responsável por checar o lance. Depois, o árbitro de vídeo fará uma comunicação com o árbitro de campo. As imagens, então, formarão uma animação em 3D, que será vista pelas transmissões de TV e pelos telões dos estádios. A nova tecnologia foi testada em dois outros campeonatos, e segundo especialistas, está pronta para ser utilizada.
Bola complementará o trabalho do VAR
Ainda que esse novo mecanismo da Copa do Mundo do Catar seja novidade no universo futebolístico, a tecnologia como aliada ao futebol não é grande novidade. Desde 2018, quando foi utilizado pela primeira vez na Copa do Mundo, o VAR – Árbitro Assistente de Vídeo, em português – foi o primeiro sinal de modernização da modalidade. No Brasil, o país do futebol, o VAR passou a ser utilizado também em 2018, a partir das quartas de final da Copa do Brasil.
O VAR, que é relativamente novo no futebol, já é implementado há tempos em outros esportes, como o vôlei, tênis e futebol americano. Sua função primordial é revisar lances que geram dúvidas, como pênaltis e impedimentos. Um sistema eletrônico, que permite a comunicação entre o árbitro de vídeo e o árbitro em campo, é usado para que eles se comuniquem e discutam sobre quais decisões tomar acerca dos lances da partida. Caso uma jogada seja questionada, ela será revisada pelos árbitros de vídeo, que se comunicam com o árbitro de campo, e eles discutirão se é necessário rever a marcação anterior ou se a partida deve seguir normalmente. A palavra final sobre o lance é do juíz de campo. A tecnologia, nesse caso, não é a palavra final, apenas uma facilitadora na hora de tomar decisões.
Contra e a favor da tecnologia na Copa
O VAR e o uso de tecnologias no geral dentro do futebol não agradam a todos os espectadores. Para muitos, o esporte, que é popular em praticamente todas as camadas da sociedade brasileira, pode estar perdendo sua essência: passa a ser automatizado e mecanizado. Nesse sentido, o famoso gol do Maradona, feito pela “mão de Deus” na Copa do Mundo de 1986, nunca teria sido concretizado se o VAR existisse naquela época.
Já os defensores da tecnologia no futebol acreditam que esses sejam mecanismos facilitadores e complementares, não dominantes. Os sistemas tornam as partidas mais precisas, e auxiliam o trabalho dos árbitros que estão em campo. Além disso, muitas partidas tiveram seu rumo alterado devido a checagem do VAR.