2022…Após o discurso de Lula no dia 10 de março, as Eleições de 2022 voltaram ao centro do debate nacional. Em questão de minutos, os mais variados meios de comunicação noticiaram que o segundo turno da próxima Eleição presidencial seria disputado por Lula e Bolsonaro. Três grandes grupos imediatamente se manifestaram na mídia e nas redes sociais. O primeiro, formado pelos ainda inacreditáveis adoradores de Bolsonaro, vociferaram contra o que consideram o mal maior da história da humanidade: Lula e o PT. Indignados com a possibilidade de Lula participar da próxima corrida presidencial, chegaram ao ápice de explicitamente empunhar armas e ameaçá-lo de morte. O segundo grupo, representado pelos apoiadores de Lula, aclamavam a já garantida vitória em 2022 do maior líder de massas vivo no Brasil. Por fim, o terceiro grupo,bem mais heterogêneo, contemplando desdebolsonaristas arrependidos até a esquerda mais progressista, oscilou entre otimismo, preocupação e mesmo medo do que consideram a maior polarização eleitoral da história do país.
Sem dúvida presenciou-se uma característica comum entre o segundo e o terceiro grupo: um alento ao ouvir um discurso que, além da potência e eloquência, falou o que todos nós precisávamos ouvir de um grande líder nesse trágico momento:“se protejam, usem máscara e álcoolgel, a vacina é a única salvação, o povo precisa de auxílio emergencial consistente, o Estado deve cuidar dos seus cidadãos, não existe dicotomia entre vida e economia…”. Entretanto, não deixa de ser inacreditável, senão assustador,que frases tão óbvias e evidentes, pronunciadas à exaustão pela quase totalidade dos presidentes mundo afora desde o início da pandemia, nos emocionem quando reverberadas por um político do quilate de Lula. Tamanha comoção com o que deveria ser obrigatório e ordinário no contexto da maior crise humanitária vivenciada pela nação revela que o Brasil realmente está no limbo.O discurso retirou um pouco do peso dos nossos ombros; mas continuamos acorrentados à desgraça.
Apesar dessa importante diferença entre o Grupo 1 e o Grupo 2+3, o debate após o discurso revelou um preocupante, na verdade aterrorizante, consenso na sociedade brasileira: a de que a Eleição de 2022 ocorrerá com a presença de Bolsonaro.Inúmeros cenários hipotéticos foram e são aventados pelos institutos de pesquisa sobre as Eleições de 2022, sempre com a presença de Bolsonaro. Apostas e elucubrações são feitas, sempre com a presença de Bolsonaro no páreo para 2022. Parece que o país esqueceu que a presença do atual presidente na Eleição de 2022 significará o dilaceramento da sociedadebrasileira no futuro próximo; e não estou falando da hipótese de reeleição, o que seria o pior de todos os mundos. Estou falando da “mera” permanência de Bolsonaro até as Eleições de 2022. A empolgação com a possibilidade da derrota de Bolsonaro frente à Lula ou qualquer outro candidato em 2022 é extremamente perigosa simplesmente porque significa que Bolsonaro permanecerá mais dois anos no poder. E isso o Brasil, como sociedade, não aguentará. As conjecturas sobre as Eleições de 2022 com Bolsonaro amenizam a pressão pelo impeachment e garantem a permanência do pior presidente da história do Brasil no pior momento da história do país por mais 2 anos.Isso equivale ao suicídio coletivo. Entretanto, parece ponto pacífico entre o conjunto da população, esperançosa em 2022. Até lá, será tarde.
Não podemos esquecer que nesses primeiros 26 meses de governo Bolsonaro, “apenas” 12 meses foram em meio à pandemia, e que os problemas econômicos, sociais e sanitários relacionados ao surto virótico encontram-se numa escala crescente; todos tendem a piorar daqui para frente. Se Bolsonaro ficar até 2022, terá mais 22 meses de governo em meio à pior crise vivenciada pelo país. Significa que Bolsonaro governará por praticamente o dobro do tempo que governou até agora em meio à pandemia, só que numa situação muito mais catastróficaque antes. Os estragos no tecido econômico e social serão imensuráveis; a tragédia humanitária, irreparável!É importante insistir: Bolsonaro participar das Eleições de 2022 significa que terá ainda duas vezes mais tempo do que já teve em meio ao caos pandêmico para enterrar ainda mais a economia, dilacerar ainda mais o tecido social brasileiro (desaparecendo com a classe média e ampliando abissalmente a distância entre ricos e pobres), destruir ainda mais nossa biodiversidade e matar muito, mas muito mais pessoas do que matou até agora; além disso, terá o dobro de tempo para recrudescer o seu autoritarismo narcísico enquanto nos sedimentamos como pária global. O estrago será inimaginável! Dificilmente nos reconstruiremos como nação.
Não podemos esquecer da responsabilidade de Bolsonaro pelo que aconteceu nesses pouco mais de 2 anos de governo, principalmente após a chegada do coronavírus no Brasil. É verdade que todas as moedas no mundo desvalorizaram; mas o Real se desvalorizou mais – e isso é culpa de Bolsonaro. É verdade que o crescimento de todas as economias diminuiu em termos absolutos, mas o Brasil regrediu em termos relativos: caímos da8ª para 12ª posição no ranking mundial – e isso é culpa de Bolsonaro. É verdade que todos os países apresentaram problemas sociais; mas o Brasil voltou ao patamar de renda per capita de 2009 e caiu 5 posições no ranking de desenvolvimento humano da ONU – e isso é culpa de Bolsonaro. É verdade que todos os países tiveram mortes; mas ser o segundo no ranking mundial em perdas humanas e atualmente o líder no número de contágios e mortes diárias, É CULPA DE BOLSONARO SIM!!!Bolsonaro foi o presidente, dentre o G-20, responsável pela pior negociação na aquisição de vacinas. Graças à sua inaptidão o ritmo de vacinação é lento, o que abre espaço para variantes do vírus, mais fortes e letais. O Brasil hoje encontra resistência em negociar com a China, com os EUA e com a Europa. Bolsonaro conseguiu se indispor com as principais economias do planeta. Isso nos custará muito caro em todos os âmbitos das relações internacionais.Enquanto permanecer na presidência, Europa e Estados Unidos colocarão empecilhos no nosso comércio externo; e China e Índia, grandes produtoras de insumos para as vacinas, relutarão em atender nossos apelos. Todos seremos afetados, inclusive o agronegócio, bastião do apoio ao presidente.
Vejam: não se trata de ser de direita, esquerda, centro, meio, ponta. Basta a sinceridade em assumir que Bolsonaro é o ÚNICO líder das vinte maiores economias do mundo que não apareceu em público tomando a vacina. Mais do que isso, fez campanha contra a vacina e estimula aglomerações! Desdenha da morte alheia, chamando de frescura e mimimi, desprezando o luto de milhões de brasileiros. Esses fatos não são produzidos pela “mídia comunista golpista”. São fatos concretos, reais! Que líder sério se comporta dessa maneira?O único país que supera o Brasil em número de mortes são os EUA, em grande medida pelo comportamento de Trump – análogo ao de Bolsonaro – frente ao COVID-19. Só que Trump ficou um ano governando os EUA durante a pandemia e saiu, poupando a população estadunidense de um estrago maior. E nós correremos o risco de ficar três anos com Bolsonaro em meio à pandemia? Isso é suicídio coletivo!
Estamos beirando as 3.000 mortes diárias e as pessoas discutindo estratégias para as Eleições de 2022? O que é isso? Somos todos loucos? Somos uma nação de cretinos? Nicolelis nos alertou: não haverá local para enterrar os mortos. Isso acarretará numa “crise de covas”, que dentre outras coisas contaminará nossos lençóis freáticos e provocará problemas ambientais gravíssimos! Morreremos não somente pelo COVID-19 mas também pela escassez de água e alimentos! E nos preocupamos com as pesquisas sobre o 2º turno de 2022! Somos o quê? IDIOTAS?
Não temos alternativa senão tirar Bolsonaro do poder. Há quatro grandes poderes que podem extirpar o presidente do cargo: o Legislativo, o Judiciário, a grande mídia e a sociedade civil. Parece que os três primeiros não vão se mexer enquanto não houver pressão popular. Um mix de covardia, comodismo e interesses próprios tomou conta das mais altas instâncias de poder. Cabe à nós, que estamos morrendo, pressioná-los. Antes que seja tarde.Antes que não exista mais NÓS!2022, será tarde. Muito tarde.DMH
4 respostas
Respeito o nobre articulista. Aponta suas muitas coerentes e lógicas razões para se buscar o impeachment de Bolsonaro. Todavia, discordo desse objetivo. Iria gerar uma guerra civil e o armamento de diversas facções de fascistas. Socialmente todas as ações de conquista humana levam à vítimas. A fome e a miséria, o sofrimento da fome e a angústia de se estar refém do destino. Serão milhares de vítimas adicionais da Covid19. Mas Bosó precisa ficar lá até o fim… precisa definhar política e humanamente, até que seus cúmplices desejem a sua extinção.
Fora isso, será o caos movido à ódio e preconceito!
Lula já pagou demais, por um povinho canalha e egoísta!
As nações precisam aprender!
Arregaça Bosó!
vai capotar antes
Lula vai levar uma facada nas vésperas das eleições, só que será bem feito e não escapará.
A maior corrupção da história e ainda querem o retorno.
O sábio sem alma aprova,
O tolo desinformado também.