A dez dias das eleições, Thiago Ávila (PSOL), ambientalista e candidato a deputado federal, acordou na manhã de quinta-feira (22) com a informação de que mais um capítulo da perseguição política que sofre foi iniciado: o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) tenta, novamente, prendê-lo por um delito que não cometeu. Ele é acusado de crime ambiental.
Thiago Ávila, durante a pandemia, protestou em favor de famílias de catadores de materiais recicláveis que foram expulsas de uma ocupação no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília. “No Distrito Federal, a gente estava vivendo o pico da pandemia e o governador Ibaneis estava realizando uma série de despejos ilegais, porque tem uma lei distrital que proibia os despejos na pandemia”, afirmou o ativista em entrevista ao Jornalistas Livres.
O ato foi realizado em abril e, a partir de então, o ambientalista passou a enfrentar perseguição política. “Para nós foi um processo muito importante de resistência a uma violação que teve impacto nacional muito grande, mas para mim, pessoalmente, aquilo ali foi o início de uma perseguição absurda”, relatou Thiago Ávila. O ambientalista conta que passou a sofrer lawfare, que resultaram em quatro processos contra ele.
O candidato foi acusado por Ibaneis Rocha, atual governador do DF, de obstruir ação de fiscalização do Poder Público em questões ambientais. Na acusação apresentada à Justiça, é pedida a prisão de Thiago Ávila por três anos. “O governador falou que aquela violação inteira, aquela discussão toda que ele promoveu não eram despejos, mas sim uma fiscalização ambiental”, descreve o ativista. Contudo, a ação resultou na retirada da população do local que residiam e na demolição da escola da região.
Em 20 de julho de 2022, o candidato foi absolvido pela 8ª Vara Criminal de Brasília. De acordo com a decisão, a ação realizada por Thiago Ávila não tinha como intenção prejudicar o meio ambiente e, como a ação durou poucos minutos, não se configurou o crime como realizado.
O pequeno período de tempo do protesto foi em decorrência do fato de que o ambientalista não resistiu quando os policiais deram voz de prisão ao ativista. Thiago Ávila, junto com outros manifestantes, subiu em cima do telhado da escola que seria demolida. No entanto, o ambientalista conta que a instituição continuou a ser derrubada mesmo com eles em cima da construção.
Assim, ele foi forçado a sair do telhado e, depois, os agentes o prenderam. O candidato conta que a ação foi feita com agressividade: “A polícia foi com muita violência ali a partir do momento que eles começaram a jogar bombas de gás”, conta Thiago Ávila.
Na época, ele chegou a ser preso duas vezes pelo suposto crime ambiental. O primeiro encarceramento ocorreu antes do protesto dentro da comunidade, quando foi entregar documento que comprovava a ilegalidade da retirada da população de suas moradias. Thiago Ávila foi acusado de desacato.
O ativista conta que Ibaneis Rocha, por ter ocupado cargo de presidência na OAB, possui grande influência no sistema judiciário. Então, para se proteger dos processos e do pedido de três anos de prisão, realizou um abaixo-assinado de forma a demonstrar o apoio da sociedade e evidenciar a perseguição política que estava sofrendo na época.
Atualmente, Thiago Ávila faz parte de uma cocandidatura pelo PSOL. Chamado de Mandato Coletivo Bem Viver, tem como principal pauta as questões ambientais. Com a corrida eleitoral e a data final para as definições dos cargos públicos, a perseguição política que enfrentava passou a ser reforçada. Após a notícia de que Ministério Público do Distrito Federal e Territórios voltou a querer sua prisão, Thiago Ávila pede, novamente, que a população se manifeste a seu favor.
“Ele [Ibaneis Rocha] tem tentado impedir essa caminhada, porque ele sabe que se eu for eleito, vou ter acesso a um julgamento justo no STF e não nos tribunais onde ele tem influência”, relatou Thiago Ávila.