Entre os doadores da campanha de Tarcísio de Freitas, candidato carioca ao governo de SP pelo PL, estão dois grandes nomes de empresas de segurança privada. Trata-se de Arnaldo Costa Vargas, dono da AutoDefesa Brasil e Washington Cinel, dono da Gocil. Vargas doou R$ 200 mil para a campanha de Tarcísio e fatura anualmente R$ 500 milhões. Já Cinel fatura mais de R$1,2 bilhão por ano e contribuiu com R$ 300 mil para a campanha. A segurança pública é uma área que Tarcísio vem dando ênfase na disputa eleitoral. Uma de suas principais propostas é retirar as câmeras dos uniformes de policiais, política pública que comprovadamente diminui a violência policial. Além disso, o candidato também defende acabar com a “saidinha” dos presos e reduzir a maioridade penal.
Embora São Paulo tenha uma das maiores taxas de encarceramento do país, com 210 mil presos e 81% dos presídios superlotados, Tarcísio, caso seja eleito governador de São Paulo, se compromete a fazer o Estado prender mais gente. Durante o debate entre candidatos a governador nesta segunda (10), o candidato do PL não deixou de destacar que pretende construir mais prisões. A construção de mais presídios, entretanto, não soluciona o problema da segurança ou da superlotação nos presídios, uma vez que essas medidas para serem eficientes devem ser acompanhadas de políticas desencarcerizantes. A Lei 12.403/11 é um exemplo de resolução que possibilita que o juiz decrete outras medidas cautelares diferentes da prisão. Atualmente, 41,5% dos presos são provisórios, ou seja, pessoas que não foram sequer julgadas. Mas Tarcísio não deu indícios de pensar em políticas que caminhem nesse sentido. Seu projeto é evidente: prender mais e promover o lucro de setores da segurança privada.
Tarcísio, a construção de mais prisões não é eficiente!
Especialistas na área, como a antropóloga Karina Biondi, chamam a atenção para o fato que a construção de mais presídios não é uma medida eficiente em termos de política de segurança pública, uma vez que isso provocaria a propagação de facções. “A transferência sistemática ajuda a propagar o PCC. Para onde for o preso que é ligado ao PCC, ele vai levar a ideia”, disse Karina ao “The Intercept”. O interesse nessas políticas, assim, expressa a jogada eleitoral de Tarcísio, que tenta conquistar a opinião pública com medidas parecem duras, mas nada solucionam. Entretanto, por estar aliado às grandes empresas de segurança privada ao seu lado, Tarcísio demonstra que seu interesse não é apenas eleitoreiro, mas também financeiro.
Um Brasil desigual
O encarceramento massivo se dá como consequência do abismo social que existe no Brasil, uma vez que essa desigualdade produz seu sintoma: a violência. Em vez de pensar em medidas de inclusão social, Tarcísio atua na contramão. Com isso, o candidato escancara a visão que tem dos negros e pobres: esses apenas podem ser incorporados na sociedade quando são rentáveis. Ao mesmo tempo, o sistema prisional se torna extremamente lucrativo, pois é montada toda uma rede de negócios com as empreiteiras, armas, cercas, alarmes etc., que resulta em milhões para os que controlam esse complexo. Em 2020, o mercado de segurança privada no Brasil faturou cerca de R$35,7 bilhões. São com essas empresas que Tarcísio se alia e são elas que financiam sua campanha.
Tarcísio, gastos com presos é maior que com estudantes!
Levantamento feito pela USP revelou que o investimento no sistema prisional é quatro vezes maior do que o da educação básica. No Brasil, um preso custa, em média, R$ 1,8 mil por mês, enquanto um aluno de escola pública custa R$ 470. Tarcísio de Freitas, além de aliado do presidente Jair Bolsonaro, atuou como o Ministro da Infraestrutura do governo que apresentou o investimento em educação mais baixo entre 2011 e 2021. Na educação básica, os investimentos caíram R$7,5 bilhões para R$6 bilhões. Já na infantil, o corte foi pela metade, de R$207 milhões para R$111 milhões. Enquanto isso, Tarcísio quer reduzir a maioridade penal, prender adolescentes que poderiam estar na escola, criar mais presídios, gastando dos cofres públicos dinheiro que poderia ir para educação e tirar a câmera dos policias para eles possam prender mais facilmente. Quem se beneficia com isso? As empresas que financiam sua campanha!