Rússia dá xeque-mate e suspende o fornecimento de gás para a Europa

Foi anunciado hoje (05/09) pelo governo russo, o corte indeterminado no fornecimento de gás para a União Europeia

Nesta segunda-feira (05/09) a estatal russa Gazprom cortou o fornecimento de gás natural para países da União Europeia, por meio do gasoduto Nord Stream, durante tempo indeterminado. A justificativa utilizada para a interrupção foi a necessidade de manutenção no gasoduto e dificuldades geradas pelas sanções econômicas impostas pelos Estados a Rússia. Em nota, o Kremilin afirma que “problemas nas entregas [de gás] surgiram devido a sanções que foram impostas ao nosso país e a várias empresas por países ocidentais, incluindo a Alemanha e o Reino Unido. Não há outras razões por trás dos problemas de fornecimento”. Na madrugada do último dia 31 a Gazprom havia cortado o fornecimento de gás natural para alguns países da UE. A situação era prevista para se regularizar até o dia 2 de setembro.

Por Camilla Almeida

Tais manutenções se tornaram cada vez mais frequentes desde o início do conflito russo-ucraniano, além de diminuições no volume total de gás importado. Atualmente, apenas 20% da capacidade do Nord Stream é utilizada, enviando um total de 33 milhões de metros cúbicos diários de gás aos países europeus, sendo que sua capacidade pode chegar a 150 milhões. Esse cenário de paralisações e reduções preocupa toda Europa, principalmente a Alemanha, já que o gasoduto é responsável por 40% do abastecimento total do continente.  

A União Europeia aplica sanções econômicas a Moscou desde o dia 23 de fevereiro, quando o primeiro pacote de medidas foi aprovado. Dentre elas, destacam-se a proibição de novos investimentos no setor da energia da Rússia, a proibição da importação para a UE de ferro e aço provenientes da Rússia e o encerramento dos portos da UE a todos os navios russos. A redução da dependência energética russa também é algo que está sendo discutido por vários países da comunidade europeia.

Os cortes recorrentes no fornecimento de gás implicam em um aumento do preço do recurso, consequentemente trazendo prejuízos para a população, que necessita do gás para se aquecer durante o inverno europeu, conhecido por suas temperaturas abaixo de zero.  A Alemanha vive o início de uma recessão econômica com um aumento histórico das taxas de inflação, que no mês de agosto chegou a 7,9% – a mais alta em 50 anos. Além disso, na última quinta-feira (01/09) deixam de valer os descontos dados à população nos impostos sobre os combustíveis e os bilhetes de transportes públicos. Todos esses aumentos se assemelham a um cenário muito conhecido pelos brasileiros e com consequências já conhecidas: o grande impacto gerado nos bolsos da parcela mais pobre da população.  

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