DISTOPIA – “Nos deram espelho e vimos um mundo doente.”
Para onde estamos caminhando, afinal? Qual o rumo que nossa sociedade tem tomado? É tudo lindo e maravilhoso, como dizem? As belas imagens projetadas com o intuito de nos entreter são produzidas e reproduzidas em uma velocidade que nunca vimos antes. Mas, será que elas representam de fato o que vemos? Ou são apenas mais doces de digerir? Sou inquieto, um inconformado por natureza, não acredito que as pessoas não consigam ver o que realmente está aí. Na nossa frente, ao nosso lado! Vidas perdidas, florestas queimando, povos sendo dizimados, corpos no chão, vidas sem vida!
Distopia é um dos meus mais recentes ensaios de autorretratos, que tem como base, tratar dessas questões delicadas, mas necessárias. Não dá pra fotografar sem problematizar. Pelo menos no meu caso, não consigo. Meu olhar reflete esses fragmentos que são jogados no esquecimento. Nada contra as fotografias “belas”, só não consigo ver beleza ao ver o reflexo do mundo na minha retina.
Distopia tem alguns significados, um deles é lugar ou estado imaginário “em que se vive em condições de extrema opressão, desespero ou privação; antiutopia.” Pensando sobre esse conceito prévio, nasceu Distopia.
Dessa forma trago nesse ensaio, narrativas imagéticas compostas pelas técnicas de autorretratos e de sobreposição de imagens, essa é a parte técnica, mas lá no fundo, Distopia perpassa a técnica e retrata fragmentos de uma sociedade submersa no caos do neoliberalismo político social, fruto de uma luta histórica que nos atravessa, deixando corpos periféricos pelos caminhos e vielas.
Penso que esse ensaio são fragmentos emendados de sensações e opressões vividas por todos que, de algum modo, tem sido empurrado para esse abismo distópico chamado Brasil. Cada imagem carrega uma narrativa criada a partir de vivencias, análises empíricas e estudos históricos sobre o Brasil e suas políticas excludentes. Na minha página do instagram, os textos se encontram com suas respectivas narrativas imagéticas. A fotografia “O Caos e Vazio” são as únicas que os textos não estão publicados.
.
Minibio
Fotógrafo e Historiador Preto, 41 anos, homossexual e filho de uma funcionária doméstica com muito orgulho. Vencedor da Microbolsa de Fotojornalismo EL PAÍS e Artisan com o tema: Angústias da população negra periférica em tempos de isolamento social.
A fotografia é para mim, um refúgio em meio a dor do existir preto. Quando fotografo, me jogo no abismo das possibilidades! A partir da minha passagem pela graduação de História na UFAL, a fotografia passou a ser uma linguagem de denúncia social. Há seis anos consegui entender a fotografia como uma ferramenta de luta e a uso para dizer quem sou, o que penso, tento contribuir com sua luz para o enriquecimento da memória de quem a Vê.
.
Para conhecer mais o trabalho do artista
Instagram: https://www.instagram.com/rogersilvafotos/
E-mail: [email protected]
.
O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, de quintal, de rua, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.
Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente
Uma resposta
algo que pudesse ser visto para conter na humanidade, eu miraria na fome embora exista vários projetos para tentar revitalizar isso hoje em dia ainda é grande o número de pessoas que ainda não tem oque comer e dar a sua família. Levando em conta que nesse período de pandemia esse número deve ter aumentado ainda mais