Rastros Edificados.
A partir de inquietações a respeito do que poderia ser o movimento no objeto estático, produzi resultados a partir da transferência de película fotográfica para o concreto, numa transformação de fotografia bidimensional em objeto tridimensional, intitulada Rastros Edificados.
Um jogo expansivo que transita entre memória e deslocamento. Essa obra toma riscos, no sentido em que há uma perturbação própria que a habita, manifestando-se nos seus cortes bruscos, assimetrias, deslocamentos, e na leveza de suas fissuras. A presença destes rastros, de lugares abandonados na memória, constituem os indícios de uma experiência que se perdeu e diante da qual a imagem se funde ao que é concreto.
Busco compreender em que medida o retorno ao passado, às recordações, se constitui como um intento de tornar possível o que se configura desde sempre como impossibilidade: resgatar da dispersão do vivido o que se apresenta como restos, ruínas.
Proponho narrativas fragmentadas e a dilatação do tempo cronológico. Sintetizo nestes fragmentos de temporalidade dilatada a dimensão plástica da imagem, exercendo peso e transformando a realidade.
Uma re-construção dos rastros que habitam a memória. Uma maneira singular de voltar o olhar para épocas passadas em busca do que restou, do que ainda sobrevive nos vestígios. Uma ação em que modifico a paisagem, no sentido de reconstruir, de reexplorar e de repovoar essas memórias.
As fotografias e o concreto coexistem, em um mesmo espaço, vestígios de temporalidades distintas. Um instante múltiplo. A indistinção das formas e forças que se enunciam, culmina na imposição do silêncio, ressoando ao olhar os seus vestígios.
Mini Bio
Anna Menezes é artista visual, fotógrafa e pesquisadora. Cursa Teoria Crítica e História da Arte pela Universidade de Brasilia. Seu trabalho de destaque atual é a obra Rastros Edificados em que a artista parte de inquietações a respeito do que poderia ser o movimento no objeto estático, onde ela produz resultados a partir da transferência de película fotográfica para o concreto, numa transformação de fotografia bidimensional em objeto tridimensional. Um jogo expansivo que transita entre memória e deslocamento.
Seu trabalho com a fotografia é composto, na maioria das vezes, na rua e nos encontros cotidianos, movida a fotografar pela paixão de observar as pessoas e situações, ela faz uma coletânea de observações diárias sobre o ser e as interações humanas.
Atualmente desenvolve pesquisas abrangendo a fotografia e arte contemporânea.
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Para conhecer mais o trabalho da artista
https://www.instagram.com/anannnanan/
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O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, de quintal, de rua, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.
Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente