A Polícia Rodoviária Federal (PRF) comunicou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que puniu com multa pelo menos 40 pessoas físicas e 10 empresas ligadas a organização dos bloqueios bolsonaristas nas rodovias. Os bloqueios ilegais se espalharam pelo país após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e reivindicavam a intervenção militar. O valor da multa para esse tipo de infração de trânsito é de R$17.608,20. Já que a infração é considerada extremamente grave, o motorista também fica proibido de dirigir por 12 meses. Além de multa para os organizadores dos bloqueios, a PRF também puniu 2.423 motoristas que perturbaram a circulação de outros veículos.
Por Emanuela Godoy
O documento informando a lista de organizadores punidos foi enviado ao STF no dia 6 de novembro. Assinado pelo diretor geral da PRF, Silvinei Vasques, o ofício expõe os proprietários dos veículos responsáveis por bloquear as vias das estradas em atos que pediam intervenção militar e desrespeitavam o resultado das urnas. Esse documento enviado pela PRF faz parte de uma investigação do STF que pretende apurar se houve irregularidade na atuação da corporação para desfazer os bloqueios.
PRF atuou como braço direito do bolsonarismo?
Desde o dia 30, a PRF vem sendo acusada de ter sido instrumentalizada pelo bolsonarismo. Durante as eleições, o diretor da PRF, Silvinei Varques, desrespeitou o TSE e aprovou mais de 514 operações ilegais que dificultou o deslocamento de eleitores, sobretudo do Nordeste. Em suas redes, Silvinei havia declarado apoio ao presidente. Por causa das operações realizadas no dia do segundo turno, Vasques é alvo de inquérito na PF (Policia Federal), que investiga violência eleitoral. Os policiais querem entender por que Vasques desrespeitou a decisão de Alexandre de Moraes, que proibia Blitzes que atrapalhassem os eleitores de votar, e por que as operações tiveram ênfase desproporcional na região do Nordeste.
Com a vitória de Lula, bloqueios bolsonaristas e golpistas se espalharam pelas estradas do país, entretanto a Polícia Rodoviária Federal se mostrou ineficiente em desfazê-los. O número de bloqueios chegou a 563 logo após o dia 30. O que espanta é que três dias após o segundo turno, no 2 de novembro, ainda havia 167 bloqueios nas rodovias do país, o que expõe a conivência da PRF com esses protestos. Vídeos circularam na internet mostrando agentes da PRF comunicando os manifestantes bolsonartistas que não iriam multá-los pelos bloqueios das rodovias e sendo aplaudidos.
Durante os bloqueios, torcidas organizadas se mobilizaram para abrir as vias das estradas, trabalho que deveria ser da Polícia Rodoviária Federal. Gaviões da Fiel do Corinthians, Impérios Alviverde do Coritiba, Galoucura do Atlético Mineiro e Mancha Verde do Palmeiras são algumas das organizadas que atuaram no desbloqueio das rodovias. Movimentos sociais, como o MTST, também convocaram seus militantes para ajudarem na missão.
A PRF está sendo questionada pela falta de ação logo após o resultado eleitoral. O MPF (Ministério Público Federal) investiga motivação política por trás da omissão inicial da PRF diante dos bloqueios antidemocráticos e ilegais dos bolsonaristas. O diretor da PRF também é alvo de inquérito da PF que investiga crime de prevaricação, que é quando o funcionário deixa de praticar ou pratica indevidamente ato do seu ofício. Nesse caso, Vasques não teria orientado medidas mais enérgicas para que a PRF desobstruísse as rodovias.
Uma resposta
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