Mulheres Sem Terra ocupam latifúndio no Goiás, denunciando a exploração sexual

Ação das Sem Terra cobra que fazenda utilizada para tráfico humano e exploração sexual seja destinada para Reforma Agrária

Na madrugada deste sábado (25), mais de 600 Famílias Sem Terra ocuparam a Fazenda São Lukas, no município de Hidrolândia, em Goiás.

A área ocupada integra o patrimônio da União desde 2016. No entanto, antes, a propriedade pertencia a um grupo criminoso, condenado, em 2009, pelos crimes de exploração sexual e tráfico internacional de pessoas.

A ação é parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, que ocorre em todo país durante o mês de março.

O grupo criminoso era composto, segundo a Polícia Federal, por 18 pessoas e utilizava o local para aprisionar dezenas de mulheres, muitas delas adolescentes, que posteriormente eram traficadas para a Suíça e submetidas à exploração sexual. O esquema foi mantido por três anos e as vítimas eram, principalmente, mulheres goianas de origem humilde das cidades de Anápolis, Goiânia e Trindade.

“Com nossa Jornada, denunciamos o crescimento das violências contra as mulheres do campo e esta área representa o grau de violência que sofremos”, explica Patrícia Cristiane, da direção nacional do MST.

Para além da denúncia contra à exploração sexual das mulheres e adolescentes, a ocupação também busca que a terra cumpra sua função social.

“Exigimos que esta área, que antes era usada para violentar mulheres, seja destinada para o assentamento destas famílias, para que possamos produzir alimentos saudáveis e combater as violências”, destacou Cristiane.

Esta tem como objetivo denunciar e fazer o enfrentamento às diversas violências sofridas por mulheres do campo e da cidade. E também pauta a necessidade de retomada da política de reforma agrária como uma alternativa de combate à violência, à fome, ao desemprego e à desigualdade de renda.

Como mediadores, o Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino e a Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil, entraram em contato com a Secretaria de Patrimônio da União (SPU), que já havia sido informada da ocupação pela Controladoria- Geral da União (CGU). O superintendente regional da SPU em Goiás irá fazer uma visita na área ainda hoje, que deverá ser entregue ao Incra para fins de reforma agrária.

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