Mais de 80% das mulheres brasileiras estão endividadas, aponta CNC

A maioria dessas mulheres se endividam para manter a sua sobrevivência e alimentação de suas famílias

Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em pesquisa feita no mês passado, 80,9% das mulheres brasileiras apresentam dívidas pendentes; o número de mulheres endividadas aumentou 5.9 pontos percentuais em relação a setembro do ano passado. 

A maioria das dívidas, segundo a pesquisa, vem do cartão de crédito (85,6%), seguidas pelos carnês (19,4%),  financiamento de veículos (9,6%), crédito pessoal (9,1%), e financiamento de imóveis (7,9%). 

O dado de homens endividados no país é de 78,2% e, para ambos os gêneros, a maioria das dívidas estão concentradas no cartão de crédito (85,6%). Cerca de 79,3% das famílias brasileiras estão endividadas, sendo importante destacar que 30% delas estão inadimplentes, ou seja, estão com dívidas em aberto. Isso significa que o acesso a créditos fica diretamente restringido para esses indivíduos. 

Segundo Marilane Teixeira, professora e pesquisadora do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp, em entrevista ao Jornal PT Brasil, o comprometimento das mulheres brasileiras está com a sua sobrevivência e com a de suas famílias. “Ou são forçadas a se endividar ou a viver em condição de insegurança alimentar. […] É se endividar ou morrer de fome”. 

O Brasil voltou ao mapa da fome, em 2022. Hoje, isso significa que 33,1 milhões de pessoas não tem a garantia de que vão comer (TODOS OS DIAS? AS TRÊS REFEIÇÕES??). Além disso, segundo o Inquérito Nacional, mais da metade da população (58,7%) convive com insegurança alimentar em algum grau. Neste cenário de empobrecimento, fica mais fácil de entender o fato de nos lares chefiados por mulheres, que geralmente são as únicas responsáveis pelo sustento das famílias, serem os que mais apresentam dívidas no Brasil de hoje. 

A professora também comenta que as diferenças entre o endividamento de homens e mulheres tem relação estruturais e conjunturais. “Estruturais porque as mulheres brasileiras estão em situação mais desfavorável no mercado de trabalho. Recebem salários em média 25% mais baixos que os homens. E quando se olha para dentro da realidade das mulheres negras é ainda mais acentuada, podendo chegar a 40%”, comenta. 

Além disso, nota-se também a redução do poder de compra com o aumento constante da inflação. Ou seja, os salários já mais baixos recebidos por essas mulheres, que já enfrentavam outras dificuldades financeiras, significam que elas fazem compras ainda menores, com menos produtos. As medidas tomadas pelo governo Bolsonaro tem sido ineficazes, pois prejudicam ainda mais a vida das classes mais baixas com o aumento da taxa de juros e a ausência de políticas para reduzir a inflação, por exemplo. 

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