As mães que choram e o governo que mata. Nota do Levante Feminista contra o feminicídio em repúdio à chacina do Jacarezinho (Rio de Janeiro)
Estado do Rio de Janeiro, 06 de Maio de 2021
As mães que choram e o governo que mata
Fomos surpreendidas na data de hoje com a triste notícia da Chacina do Jacarezinho, que resultou na morte de 27 pessoas (número que pode ainda aumentar) na operação policial mais letal até o momento, praticada pelo Governo do Estado no Rio de Janeiro.
Na véspera do Dia das Mães, teremos mulheres enterrando seus filhos em abundância de lágrimas e sofrimento, inclusive a mãe de um policial. Mesmo em meio a uma pandemia fora de controle e à tragédia de mais de 400 mil mortos por Covid-19, continuamos sendo testemunhas da necropolítica do governo do Estado do Rio de Janeiro que, ao impor a lógica perversa e genocida da violência policial racista, tem como alvo jovens negros e territórios favelados e periféricos.
Essa não foi a primeira chacina, sendo a história do Rio de Janeiro marcada por vários episódios de chacinas, violência policial e execuções extrajudiciais, mas a ousadia da ação de hoje está no fato de ainda estar em vigência a liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal na ADPF das Favelas (n. 635), proposta por organizações sociais, que proibiu operações policiais na pandemia. A forte violência da covarde ação policial está escancarada em fotos e vídeos respingados do sangue de jovens negros executados sem piedade pelas autoridades, que deveriam proteger suas vidas.
A pretexto de supostamente proteger meninos negligenciados pelo próprio Estado de “aliciamento para o tráfico” na “guerra às drogas”, se legitima a chacina com falsas declarações de que todos eram “suspeitos”, por conta de sua cor da pele e local de moradia.
As mulheres do Levante Feminista contra o Feminicídio se solidarizam com a dor das mães que perderam seus filhos e suas famílias, repudiam a Chacina do Jacarezinho e exigem a devida investigação e responsabilização de todas as autoridades envolvidas, inclusive dos comandantes da operação e do Governador, Cláudio Castro, pela desastrosa operação. Não aceitaremos mais que mães chorem por ações criminosas de governos que matam.
Uma resposta
“…pela desastrosa operação.”
Criminosa operação. Desastrosa é quebrar um prato ou esbarrar num poste