Grupo nazista bolsonarista ameaça ativista LGBTQIA+ e sua advogada negra

Daniel Bispo, ativista LGBTQIA+ ameaçado por grupos nazistas bolsoonaristas - Foto: Divulgação
Daniel Bispo, ativista LGBTQIA+ ameaçado por grupos nazistas bolsoonaristas - Foto: Divulgação

O administrador da página Universo LGBTQIA+ teve seus dados vazados e está sendo ameaçado por grupo nazista bolsonarista que tem conta na plataforma Discord. Daniel Bispo, negro e ativista de 21 anos, é dono de uma das maiores páginas voltada para o público LGBTQIA+ do Instagram. O grupo de criminosos apoiadores de Jair Bolsonaro, denominado “4USCH”, promete caçar Daniel, diz integrar o movimento “anteboylismo” e defende a “família”. Após o ataque ser denunciado na polícia, a advogada de Daniel passou a sofrer ataques racistas do grupo.

O grupo que se baseia no discurso da supremacia branca e heterossexual conseguiu o número pessoal de Daniel, documentos, endereço e dados de seus familiares. Em mensagens, os criminosos realizaram chantagens com ameaças de violência física e prometeram ir até Daniel. A primeira ameaça ocorreu em 19 de outubro por meio de um email. Entretanto as ameaças também foram encaminhadas em sua página do Twitter. Foi nesse primeiro ataque que os agressores afirmaram ter em mãos documentos pessoais.

Um segundo ataque aconteceu no 26 de outubro, quatros dias para o segundo turno, quando o grupo “4USCH” enviou para a conta pessoal de Daniel um email homofóbico, defendendo um Brasil sem LGBTQIA+. Em tom de ameaça a mensagem dizia: “Nossa caminhada até o dia da eleição começa hoje e (…) iremos ver como será até o final da votação, um grande abraço e boa sorte! 😉 (…) 22 neles!”.

Email enviado por grupo nazista bolsonarista

No texto, o grupo defende que pessoas do mesmo sexo que namoram e se beijam deveriam ser torturadas e fuziladas. O objetivo desses supremacistas é promoverem um “Brasil melhor e sem a degeneração que os LGBTs trazem ao nosso país”.

Já no dia 21 de outubro, Daniel decidiu formalizar uma denúncia contra o grupo “4USCH” por meio de um boletim de ocorrência na Polícia Civil de São Paulo. O crime foi registrado como homofobia, que se enquadra na mesma lei do crime de racismo. Dois dias depois, a advogada responsável pela defesa de Daniel, Rafaela Chain, de 34 anos, foi também vítima do grupo nazista com ataques racistas. Um print do seu direct do instagram mostra comentários como “macaca” ou “preta na justiça não fala”. Sua família também foi ameaçada.

Mensagens racistas enviadas por grupo nazista bolsonarista

A advogada Rafaela também registrou um boletim de ocorrência contra os ataques que vem recebendo do grupo. Em nota, a polícia disse que a investigação está em andamento por meio de inquérito policial na Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais, contra a Diversidade Sexual e de Gênero e outros Delitos de Intolerância (Decradi), do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

Aos Jornalistas Livres, Daniel disse que o grupo também pratica violência contra animais e que após as denúncias se tornarem públicas uma das vítimas (uma mulher trans), vítima do mesmo grupo lhe procurou para contar que os nazistas bolsonaristas haviam feito uma “vaquinha” para arrecadar dinheiro para matá-la.

COMENTÁRIOS

Uma resposta

  1. Mimimi mimimi mimimi!!!! Nazista é meu ovo!

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