Governo do DF executa nova megaoperação violenta na Ocupação do CCBB

Escolinha do Cerrado e vários barracos foram demolidos; quatro militantes foram presos e impedidos a terem acesso a advogado
Foto por: Scarlett

Texto de Rhayana Araújo (jornalista e militante do Subverta-DF), especial para os Jornalistas Livres

Nesta quarta-feira (7) aconteceu mais uma ação truculenta do Governo do Distrito Federal contra famílias catadoras de recicláveis que residem na Ocupação CCBB. No local, ocorreu uma megaoperação com Batalhão de Choque, tratores, polícia militar, DF Legal, helicóptero presidencial e drones que derrubaram barracos e a Escolinha do Cerrado, reconstruída no último domingo (4). A demolição da Escolinha foi violenta e criminosa, colocando em risco a vida de várias pessoas que estavam em seu teto.

Depois da demolição, os militantes Thiago Ávila, Erika Oliveira, Caio Barbosa e Pedro Felipe Menezes foram presos de forma arbitrária, enquadrados no artigo 69 da lei nª 9605. No momento da prisão, a Polícia Militar impediu que tivessem acesso a advogados que estavam no local. Depois foram levados à DEMA (Delegacia de Combate a Ocupação do Solo e aos Crimes contra Ordem Urbanística e o Meio Ambiente). 

A atuação da equipe jurídica e a pressão política garantiu fiança para os quatro militantes, no valor de R$ 3 mil para cada um deles. O valor foi arrecado por meio de uma vaquinha virtual que em pouco tempo conseguiu dobrar a meta estipulada. o valor excedente será dividido entre as famílias que foram despejadas. A divisão será definida juntamente com elas. Eles foram liberados por volta das 21h desta quarta-feira. A divulgação nas redes sociais foi intensa e as hashtags #LiberdadeOcupaCCBB e #ocupaCCBBresiste foram massificadas.

Foto por: Matheus Alves/Jornalistas Livres

A Escolinha do Cerrado é um símbolo de resistência, onde 18 crianças têm acesso à educação durante a pandemia graças a uma equipe voluntária. Crianças que não têm a mínima condição material de participar do ensino remoto.

Uma estimativa é de que cada operação de despejo dessa custe cerca de R$ 250 mil reais. Só de segunda pra cá, foram cerca de R$ 500 mil gastos pelo governador Ibaneis para desabrigar famílias na pior fase da pandemia. Quantas vacinas daria para comprar com esse valor? Quantas vidas seriam salvas?

Situação das famílias

Moradora da ocupação engasga com o gás lançado contra eles pelo governo Ibaneis. Foto de: Scarlett

As famílias estão mais uma vez ao relento por ordem do governador Ibaneis Rocha, que passou por cima da lei distrital nº 6657/20 que proíbe despejos durante a pandemia. A demanda das famílias é por uma solução definitiva para moradia e por isso resistiram de forma pacífica a partir de um processo de organização coletiva que foi sendo tecida ao longo da resistência de despejos anteriores e da reconstrução recente.

Nesse momento, estão mais uma vez desabrigadas. A solução temporária de abrigos ou alojamentos não atende a necessidade mínimas das famílias, principalmente neste período em que deveriam ter sua segurança sanitária garantida.

POSTS RELACIONADOS