O primeiro debate presidencial realizado neste domingo (29) foi um exemplo eloquente do racismo estrutural e censura às ideias de esquerda. Nenhum candidato negro pode expor seu plano de governo, tampouco houve jornalistas negros questionando os participantes. Além disso, pautas socialistas não tiveram espaço no programa, que se resumiu aos discursos neoliberais dos candidatos que dividiram palco com Lula (PT).
Foram convidados para participar seis políticos, sendo eles: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Luiz Felipe D’ávila (Novo) e Soraya Thronicke (UB). Embora a Lei das Eleições de 1997 assegure a participação de candidatos dos partidos com a representação no Congresso Nacional de, no mínimo, cinco parlamentares, a participação dos demais fica a critério dos canais. Mesmo assim, as emissoras Band, TV Cultura, o portal de notícial UOL e a Folha de S.Paulo não viram problema em realizar o programa apenas com brancos, deixando de fora candidaturas negras e de esquerda. Nesses critérios, candidatos como Vera Lúcia (PSTU), que apresenta um desempenho melhor nas pesquisas que alguns dos convidados, foram excluidos. Por outro lado, candidatos pequenos como Soraya (UB) e D’ávila (Novo) estiveram presente no domingo (29).
Com seis candidatos no debate, todos brancos e, com exceção do Lula, todos de direita, pautas raciais e populares ficaram de fora. A ausência dos candidatos Sofia Manzano (PCB), Leo Pericles (UP) e Vera Lúcia (PSTU), resultou na predominância da defesa de uma política neoliberal, tornando as divergências sucintas. Sofia Manzano, em suas redes, afirmou que o que houve foram “diferentes tons de liberalismo entre os candidatos”, já que os direitos para os trabalhadores foram esquecidos. Vera Lúcia, candidata negra do PSTU, lamentou também a sua ausência, para ela, em tempos de ameaças golpistas de Bolsonaro, todos os partidos deveriam ter divulgação igualitária no debate.
Vera postou a imagem em suas redes durante o debate
Já, Leo Pericles, candidato negro da UP, também criticou os critérios classistas da emissora Bandeirantes no debate de domingo (29). “Não nos chamaram para os debates porque querem calar a nossa voz. A grande mídia, apesar de ser concessão pública, hoje é propriedade de meia dúzia de bilionários, os donos da “casa grande”, que se apavoram com a voz do povo negro e oprimido.”
Atualmente, as emissoras escolhem não chamar todos os candidatos, que sao 11, por considerarem inviável a fluídez. Entretanto, é preciso também que pensem soluções que consigam manter a puralidade de vozes que deveria ser regra em um debate presidencial.
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