Por Jacqueline Muniz/UFF* Não é natural, normal ou esperado que um policial morra em serviço, em defesa de nossa vida. Isto é produto da política de insegurança do senhor da guerra, do mercador da proteção e do profeta do caos. Eles fazem de cada velório um palanque eleitoral! Eles não gostam de polícia e de policial. Eles preferem zumbis de patrulhamento, mortos-vivos de policiamento! Eles amam o medo que aparelham e que todos sentem!
Eles gostam de guerreiros neuróticos, tombados, mortos para fazerem o seu marketing eleitoral oportunista e lucrarem com os negócios políticos do crime . Eu prefiro policiais cidadãos, profissionais, de cabeça em pé, vivos, saudáveis e seguros para garantirem o estado de direito.
Podemos interromper as mortes de policiais e civis, prover segurança pública de verdade a baixo custo, somente com medidas administrativas ao alcance das mãos das chefias de polícia e do governante. Pode começar amanhã. A questão é: Interessa dar prejuízo a economia política do crime que lava o seu dinheiro nas carreiras políticas? Interessa desmilicializar?
Nosso maior obstáculo é o preconceito! Nosso maior desafio é superar mentalidades enviesadas, emancipadas de diagnósticos, rompendo com a FAKES SCIENCES que, por repetição, se tornam “verdades”. É preciso superar o caminho fácil da solução que vem primeiro e o problema que queremos resolver que só chega depois. É preciso se libertar do mantra discursivo ingênuo, de visão parcial, com os seus pacotes prontos da desmilitarização e da unificação das polícias, que já duram 32 anos.
É fundamental abordar a questão central: o controle estatal e público do poder de policia, a governança das capacidades coercitivas dos meios de força. Isto corresponde a (RE)institucionalizar as polícias e FFAA para blindá-las da manipulação político-partidária, dos oportunismos corporativistas e da sua mercadização pelos empresários da insegurança.
Com medidas administrativas se consegue produzir governabilidade e Accountability. Com menos fazendo mais.
Porém, isto desemprega os senhores feudais das PMs e os donos das franquias ocupacionais das polícias civis, PF, guardas municipais, etc. Isto quebra o Caixa 2 de Campanha vindo da “guerra contra o crime”.
É para fazer mesmo o controle profissional da ação policial? Podemos começar agora! Caneta e papel nas mãos!
*Artigo de Jacqueline Muniz, professora do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), fundadora da Rede de Policiais e Sociedade Civil da América Latina e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, antropóloga e cientista política.