Dono do Instituto Onça Pintada defendeu caça ilegal em doutorado

Leandro Silveira já protegeu o agronegócio; seu instituto de preservação animal é acusado de negligência e maus-tratos
Leandro Silveira é dono do Instituto Onça Pintada; em tese de doutorado, defendeu a caça ilegal [Foto: Reprodução/Redes Sociais]
Leandro Silveira é dono do Instituto Onça Pintada; em tese de doutorado, defendeu a caça ilegal [Foto: Reprodução/Redes Sociais]

Leandro Silveira, biólogo cofundador do Instituto Onça Pintada, é aliado do agronegócio e já defendeu a caça de onças-pintadas. Sua tese de doutorado, que fala sobre a conservação desses animais, defende a caça esportiva como forma de controle populacional. Vídeos postados nas redes sociais mostram os cuidadores abraçando e beijando os animais, além de trazer onças e outros predadores convivendo com suas presas. Recentemente, o Instituto foi multado pelo Ibama, sob acusações de negligência e maus-tratos após a morte de 72 animais. 

Por Thaís Helena Moraes

Em sua tese de doutorado, o biólogo afirma que a presença de animais “problema” ameaça comunidades rurais – especialmente aquelas que têm criação de gado, a exemplo dos grandes pecuaristas. Para essa questão, Leandro Silveira apresentou como solução a caça esportiva “embasada cientificamente”. Importante destacar que a prática é proibida no Brasil, exceto no caso de javalis, e é fortemente desaconselhada por especialistas. Além de desequilibrar a fauna local, a caça esportiva faz aumentar o porte de armas entre civis, agravando conflitos por terra no Brasil.

Especialistas também criticam os cuidados com animais no instituto. A ONG recebe animais resgatados – por exemplo, do tráfico ilegal – e tem o papel de reabilitá-los para que voltem à natureza. No entanto, o contato íntimo dos cuidadores com os bichos pode prejudicar sua reintegração, tornando-os ainda mais dependentes dos humanos.

Leandro Silveira também teve envolvimento com o projeto “Juntos Pelo Araguaia”, iniciativa do governo Bolsonaro. O projeto busca recuperar o rio, que é hoje uma das maiores vias de escoamento da produção do agronegócio no Brasil. Outro envolvido na iniciativa era o então ministro do meio ambiente Ricardo Salles, que insinuou, durante a pandemia, ser ideal “passar a boiada” e flexibilizar legislações ambientais.

Instituto multado pelo Ibama

O biólogo argumenta ainda que o lucro obtido com a caça esportiva pode ser reinvestido na preservação das onças-pintadas. À parte a grande ironia, de que a caça pode preservar a espécie, nem o próprio Instituto gerido por Leandro cumpre seu papel de proteger animais. Recentemente, sua ONG foi multada pelo Ibama, sob acusações de negligência e maus-tratos após a morte de 72 animais.

No total, o Instituto Onça-Pintada perdeu cerca de 70% dos bichos abrigados, e, segundo o Ibama, “pode-se afirmar que [a ONG] não atinge seu objetivo ao possuir um saldo negativo, ou seja, mata mais animais do que consegue nascimentos no criadouro”. Atualmente, o Instituto abriga 109 animais, que foram repostos ao longo do tempo. Nos últimos cinco anos, a reprodução na ONG limitou-se a 37 novos filhotes. 

COMENTÁRIOS

Uma resposta

  1. Tudo tão corrompido nesse país infeliz.
    Me sinto ingênuo em acreditar na natureza amorosa dessa família. Qualquer ligação dessa ONG com Salles e o ex presidente canalha me enoja! Caça é pra indio se alimentar, Caça esportiva é assassinato.
    Triste!

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