O Instituto Onça-Pintada (IOP) é acusado de negligência e falta de competência, que resultou na morte de 72 animais nos últimos cinco anos. O IOP, cuja finalidade é conservar espécies em extinção, foi multado pelo Ibama em R$ 452 mil reais. Dentre as infrações estão a prática de maus-tratos, morte por negligência e exposição dos animais nas redes sociais, contrariando normas legais.
Por Thaís Helena Moraes
Nas redes sociais, a ONG acumula milhões de seguidores. Vídeos postados no Instagram e Tiktok mostram os cuidadores abraçando e beijando os animais, além de trazer onças e outros bichos silvestres convivendo com animais domésticos. As aparências, no entanto, escondem a situação em que vivem os bichos no instituto.
No total, o Instituto Onça-Pintada perdeu cerca de 70% dos bichos abrigados, e, segundo o Ibama, “pode-se afirmar que [a ONG] não atinge seu objetivo ao possuir um saldo negativo, ou seja, mata mais animais que nascimentos no criadouro”. Atualmente, o Instituto abriga 109 animais, que foram repostos ao longo do tempo. Nos últimos cinco anos, a reprodução na ONG limitou-se a 37 novos filhotes.
Há registros de negligência e descaso com os bichos abrigados desde 2016. De lá para cá, diversos deles morreram de causas variadas. Em 2020, dezesseis tucanos-de-bico-verde morreram após um gato-palheiro invadir o viveiro. Em outras situações, animais foram encurralados em seus próprios recintos e mortos por predadores silvestres. Há, ainda, ocasiões de morte por ingestão de veneno de rato, seja pelo contato direto ou por predação de roedores contaminados.
Além disso, a exposição dos animais nas redes sociais infringe a resolução 489/2018 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Para o Ibama, esse é um agravante na denúncia de negligência: o Instituto estaria utilizando as imagens para obter vantagens financeiras e doações. A ONG, em contrapartida, afirma estar surpresa com as acusações, e que a multa foi aplicada por um fiscal que nunca esteve fisicamente na instituição.