Campinas contra o retrocesso 181

Fotos Natt Fejfar

Por Victória Cócolo, fotos Fabiana Ribeiro, Ana Carolina Haddad e Najj Fetfar | Jornalistas Livres

 

Entre frases e gritos de ordem, cerca de quinhentas pessoas ocuparam as ruas contra a aprovação da PEC – 181/2015, no centro de Campinas, interior de São Paulo. A concentração no Largo do Rosário, marco de todas as manifestações na cidade, trouxe homens e mulheres de todas as idades a se unirem contra mais um ataque do governo Temer às mulheres brasileiras.

 

De autoria do tucano Aécio Neves, a PEC, originalmente, era responsável por ampliar alguns dos direitos trabalhistas para mães bebês prematuros, como aumentar o tempo de licença maternidade. Contudo, uma alteração no texto, feita pelo deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM-SP), pegou carona e aproveitou para ampliar o conceito de “proteção à vida”, partindo de preceitos religiosos e fazendo com que a PEC, no caso de aprovação em plenário, torne inconstitucional todo e qualquer tipo de aborto, até mesmo os permitidos por lei, como em casos de estupro, risco de morte da mãe e de fetos anencéfalos.

 

O projeto foi aprovado em uma comissão especial da câmara dos deputados, na última quarta-feira, oito de novembro, por 18 a 1, sendo o voto contrário de Érika Kokay (PT – DF), única mulher presente na votação. Para prosseguir para o Senado, a PEC precisa passar por mais um turno de votação e atingir, ao menos, 308 votos.

Mariana Conti, Vereadora do PSOL de Campinas, considera a PEC 181 um enorme retrocesso em relação a discussão do aborto: ”nós precisamos avançar na discussão do aborto, e não retroceder. Ter o aborto legalizado em casos de risco e violência sexual é o mínimo que o Estado pode fazer. [A PEC] É um absurdo sem tamanho.”

 

Cristiane Anizete, advogada e participante do coletivo feminista Rosa Lilás, lembra que o Brasil é o quinto país que mais mata mulheres, e explica o histórico campineiro como bem hostil neste cenário de violência: ” Campinas supera a média nacional de morte de mulheres causada por gênero, isso sem falar sobre o índice altíssimo de violência sexual”.
A manifestação seguiu o percurso pelas ruas mais movimentadas do centro estimulando manisfestações de apoio de estudantes e moradores da região.

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