Brás, José Bonifácio e rua do Ouvidor. #AbrilVermelho começa vitorioso

Foto: Sérgio Silva

 

É 12 de abril de 2015, 18h45

Enquanto boa parte da cidade de São Paulo se ocupava com o final das manifestações conservadoras, os #JornalistasLivres se preparavam para acompanhar as ações do #AbrilVermelho, da Frente de Luta por Moradia (FLM).

Jomarina Abreu, 58 anos (15 de FLM) organizava quem iria para cada “alvo”. Ela tem 3 filhos, muitas ocupações, pelo menos quatro consolidadas.

Nossa equipe se dirigiu a uma ocupação no centro, onde parte das famílias que participavam do #AbrilVermelho se encontravam.

Entre eles, Fulano (que preferiu não se identificar), 32 anos, 2 filhos que vivem com a mãe, em São Luís do Maranhão: “Vejo eles sempre que possível”. Sua atual mulher estava ali, aguardando a ação.

Fulano não era da FLM, esta foi sua primeira ocupação.

Jomarina, tia Jô, como é conhecida, é quem organizou a reunião de acao. As famílias saíram da ocupação em grupos de 5, no máximo, para não chamar a atenção da PM e Guarda-Civil, que fazem ronda na região.

R.U.A Foto Coletivo

O primeiro alvo foi no Brás. Quem nos levou foi Júnior, de 26 anos (4 de FLM). Pai de 2 filhos, trabalha como vendedor. “Vim de Natal com 10 anos. Minha mãe mandou chamar e eu vim.” Ele sente saudades da tranquilidade da terra natal, mas faz a ressalva “falo do ritmo de vida. Gosto de trabalhar, não sou vagabundo”.

A respeito dos prédios que seriam ocupados logo mais, Júnior esclareceu: “Na verdade são prédios que praticamente são do Estado já. Estão devendo milhões em IPTU. E tem juiz que mesmo assim dá liminar… Mas graças a Deus a Tia Jô consegue quebrar quase todas”.

A ação ocorre em menos de 5 minutos. As famílias chegaram, entraram e fecharam o local. O repórter dos #JornalistasLivres entrou junto, atento à presença de seguranças, se estavam armados, enfim, se o local estava tranquilo para a estadia das famílias.

Ao sair, a rua estava vazia. Em menos de 5 minutos a ação encontrava-se consolidada.

O próximo alvo ficava na rua José Bonifácio.

Foto: Paulo Ermantino

Um grupo grande de famílias se preparava para entrar no prédio, que fica ao lado da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

Foto: Jardiel Carvalho / R.U.A Foto Coletivo

A PM que ali estava resolve que a melhor forma de tratar a situação é com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo. Uma delas atingiu Sônia, uma senhora de 62 anos (5 de FLM) que estava ali “porque meu filho precisa”.

A PM, descobriríamos logo, não seria o maior empecilho. Dois seguranças armados aguardavam a entrada das famílias. A especulação imobiliária não brinca em serviço.

Os seguranças saíram pelos fundos, após negociação com as lideranças. Cada ação conta com coordenador(es) para estas situações.

Foto: Sérgio Silva

Do lado de fora boa parte das famílias que foram para o local aguardavam o desenrolar das negociações entre o advogado da FLM e a Polícia Militar. O repórter e fotógrafos foram rapidamente parados “para averiguação”. Mas o sistema da PM está fora do ar.

Denise, 28 anos (4 de FLM), comentou: “Falei para você que não era sempre como lá no Brás?!”. De fato, ela falou. Denise nunca tinha vivido uma situação com bombas.

Foto: Paulo Ermantino

Passava da 1h quando a PM finalmente desistiu e foi embora. Foi também o momento em que os moradores aproveitaram para ocupar um segundo prédio, na Rua José Bonifácio com a rua do Ouvidor, menos de 5 metros da SSP.

Foto: Paulo Ermantino

A entrada ali foi mais tranquila. Como no Brás, em 5 minutos o prédio estava ocupado, a ação consolidada. As famílias comemoravam com o grito de guerra: “Quem não luta… TÁ MORTO!”.


Saiba mais sobre os Jornalistas Livres

#JornalistasLivres em defesa da democracia: cobertura colaborativa; textos e fotos podem ser reproduzidos, desde de que citada a fonte e a autoria. mais textos e fotos em facebook.com/jornalistaslivres.

 

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

Sentença de morte joga famílias na rua!

Sentença de morte e não de reintegração joga famílias na rua!

Impossível ficar indiferente diante dessas cenas que retrata a forma desumana que 100 famílias foram jogadas na rua, durante reintegração do imóvel que ocupavam na Rua Augusta 400