O presidente Jair Bolsonaro, temendo impactos negativos em sua campanha para reeleição, pediu a seus Ministros da Economia e da Saúde, Paulo Guedes e Marcelo Queiroga, para tomar as medidas necessárias para recompor o orçamento do programa Farmácia Popular, que havia sofrido corte de 60% das suas verbas. Os cortes no Farmácia Popular visavam a fortalecer o “orçamento secreto”, mecanismo de transferência de dinheiro para os bolsos dos parlamentares da base do governo. No total, os cortes significariam R$ 1,2 bilhão a menos para a compra de medicamentos e até fraldas geriátricas, que seriam distribuídos pelo SUS.
Por Camilla Almeida
Vários remédios de uso continuado e que tratam de doenças que mais afetam a população brasileira teriam sido afetados pelo corte. De acordo com a associação ProGenéricos, responsável por reunir os principais laboratórios do país, alguns tipos de princípios ativos que produzem medicamentos para diabetes, asma e hipertensão sofreriam graves limitações, que poderiam provocar a falta de tais fármacos.
Em abril de 2015, 2,4 milhões de diabéticos e 6 milhões de hipertensos utilizavam o programa para ter acesso aos medicamentos para as doenças. Sem ter esses remédios à disposição, o risco de graves complicações médicas e até mesmo a morte aumenta substancialmente.
O Farmácia Popular que tem como objetivo ampliar o acesso populacional a diversos medicamentos das doenças que mais acometem os brasileiros, oferece preços com descontos que chegam a 90%. Criado no governo Lula, em 2004, o programa já evitou 240 mil hospitalizações (cerca de 17%) que poderiam ter ocorrido por conta do diabetes tipo 2, gerando uma economia de custos na faixa dos 13%. Além disso, segundo estudos realizados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Farmácia Popular é uma política pública de “custo-efetivo”, ou seja, seu custo compensa dada a economia causada e a redução na sobrecarga do sistema de saúde.
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