O ano das máscaras.
Não, as máscaras não foram inventadas em 2020. E, tampouco, eram estranhas ao brasileiro. Na verdade, elas sempre estiveram nas ruas, mas seu uso tinha outros objetivos.
As máscaras eram usadas, também, para servir como uma proteção, mas não contra o covid-19, mas contra a violência. Alguns usavam para cometer violências, mas a farda é mais completa. Em geral, eram usadas para evitar gases perigosos, câmeras indiscretas e olhos de águias.
Hoje elas ainda lutam, como ferramenta básica, contra duas formas de violência. Uma, natural e biológica, que devasta o corpo, mas, por sua natureza e falta de intencionalidade ou razão (afinal é um vírus), está aí por tempo indeterminado. A segunda, intencional e (também) sem razão, que viraliza como qualquer outro vírus é mentirosa e negacionista. Ambas matam, tem vínculos, mas a vacina só funciona para uma (a máscara também). Para outra só paciência e conversa.
Mas e as máscaras? Hoje são a barreira contra o primeiro tipo de violência. Em menor medida, mas de forma semelhante, pequenos muros das muradas pulmonares. Quem precisa e não pode parar, até mesmo para que as “férias não sejam perdidas”, tem nas máscaras, suas aliadas. Contra a segunda violência, elas nos remetem aos seus usos inaugurais, distinguindo nesse grande amontoado, os diferentes humores (e empatias) do coro. Poderia se dizer que foi o ano em que as máscaras caíram, mas elas já estavam caídas há muito.
E ainda são utensílios cada vez mais úteis, e com cada vez mais personalidade (já estão nas paradas de moda). Mas o que importa é que continuem a nos proteger.
• As fotos de 1 até 11 foram tiradas antes da Pandemia de covid19. As fotos de 12 a 19 durante a pandemia, focando nos trabalhadores de Porto Seguro, onde a única segurança são as máscaras.
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Para conhecer mais o trabalho do artista
https://www.instagram.com/lucasport01/
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O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, de quintal, de rua, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.
Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente