Por José Roberto Torero* Caraca, caraca, caraca! Três vezes caraca, Diário! Chegou nas minhas rachadinhas….
A imprensa esquerdopata continua me perseguindo. Por que não me deixam em paz? Custa fazer que nem o SBT e a Record? Custa fazer que nem o Ratinho? Se custa, eu pago, pô!
Ontem, o UOL publicou uma reportagem sobre as rachadinhas nos gabinetes do Flávio, do Carluxo e… no meu!
A matéria é cheia de números e nomes. Qualquer sujeitinho alfabetizado lê e diz: “Pô, esses três aí roubaram pra dedéu!”. Ainda bem que a minha turma não gosta de ler.
Os reporteresquedopatas conseguiram esses dados porque, durante a investigação do Flavio, quebraram o sigilo bancário de um monte de gente que trabalhou no gabinete dele. E um monte de gente desse monte de gente também trabalhou no meu gabinete e no do Carluxo.
Sorte tem o Dudu, que só foi deputado por São Paulo.
Examinando a papelada, deu pra ver que vários funcionários que trabalharam pra mim retiraram boa parte de seus salários em dinheiro vivo.
O Fernando Nascimento, que ficou cinco anos no meu gabinete, sacou R$ 126 mil dos R$ 164 mil que recebeu em verdinhas.
O Nelson Rabello, militar reformado, é outro. Ele sacou 70% do que recebeu em seis anos.
O terceiro é o Daniel Medeiros, que foi registrado como meu secretário parlamentar entre 2014 e 2017. Ele começou recebendo salário de R$ 1,6 mil, oito meses depois subiu para R$ 5 mil e mais dois meses foi pra mais deR$ 10 mil. O Daniel é chapíssimo do Queiroz.
O quarto foi o Jaci dos Santos, sargento reformado do exército, que sacou 45% de tudo que recebeu em dinheiro vivo. Ele era uma espécie de faz tudo pra mim: faxineiro, motorista, boy etc…
O Jaci, o Daniel, o Nelson e o Fernando nunca tiveram crachá funcional da Câmara dos Deputados.
Minhadesculpa vai ser aquele velho papinho de que eles faziam trabalho na base política, blá, blá, blá…
Ah, e ainda tem a Nathália, filha do Queiroz. Ela ficava com R$ 2 mil (de um salário entre R$ 7 mil e R$ 10 mil), dava o resto pro pai eele…, bom, deixa pra lá. Não preciso escrever tudo aqui.
Diário, o esquema tá mais na cara que bigode de dono de padaria. Mas acho que essas rachadinhas não vão rachar a minha base eleitoral. É que eles seguem aquele meu slogan:
“Conhecereis a verdade, mas fareis de conta que não.”
José Roberto Torero é autor de livros, como “O Chalaça”, vencedor do Prêmio Jabuti de 1995. Além disso, escreveu roteiros para cinema e tevê, como em Retrato Falado para Rede Globo do Brasil. Também foi colunista de Esportes da Folha de S. Paulo entre 1998 e 2012.
#diariodobolso
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Excelente!