Em primeiro lugar, o MEDO do fantasma do “comunismo”. Acontece que o brasileiro assombrado não sabe dizer aonde vê na realidade este fantasma… Ou sabe. Acredita que qualquer mínima tentativa de justiça social é um uivo da assombração. Permitir que filhos de empregadas domésticas tenham curso superior é comunismo, dar condições de adquirir casa a quem não tem, comunismo. Dar de comer a quem tem fome, comunismo (espera, isso não é bíblico!?)…O medo é, em boa parte, inconsciente. Foi plantado pelos Estados Unidos da América desde a guerra fria. Naquela época, acreditava-se até que os comunistas comiam criancinhas (já voltaram a acreditar!?). Os EUA, o país por excelência do capitalismo selvagem, que divulgou, com sua indústria de entretenimento, a imagem de terra das oportunidades, agora faz um muro para impedir a entrada daqueles que seduziu. A mesma pátria que ensinou ao mundo um individualismo doentio e simplificou a vida com a divisão entre mocinhos e bandidos em filmes de bang-bang. Bem, por esta e outras fontes aprendemos que o egoísmo é regra e a solidariedade, exceção…
Aquele aprisionado pelo medo teme que o pouco que tem lhe seja tirado para dar a quem tem menos. Por trás de tudo isso, há a certeza de carestia, de que pouco há disponível para dividir. Ele não percebe que há pouco apenas porque a abundância é restrita à área vip. Acostumado a fazer parte da ralé, que precisa se estapear pelas migalhas do andar de cima, e bem disciplinado para não tentar invadir a área vip, o que melhor faz é estapear quem está ao lado, tão miserável, pobre ou classe média quanto ele…
Mas o medo também tem outra faceta: de que seja roubada a chance única na vida! A chance de, em algum golpe de sorte, tornar-se ele mesmo o acumulador de posses, o novo-rico, o Patinhas dos trópicos, o que deixa cair as migalhas lá em baixo para os esfomeados…
A grande mídia, claro, corrobora esta visão de mundo egoísta (lembre, visão de mundo = ideologia). Nos atuais tempos sombrios, ganha mais voz quem é preconceituoso, machista, misógino, homofóbico. Além das novelas, que moldaram muito nossa visão de mundo (“vale tudo”), os jornais, ao selecionarem notícias e entrevistados, constroem uma “normalidade” padrão em que é preciso ter uma arma (ou duas?) para se defender (viva as ações da Taurus!)…
E se a norma fosse a solidariedade e o egoísmo, a exceção!? Quantas boas notícias de gente que se solidariza com o próximo são descartadas diariamente? Há ideologia em tentar mudar o mundo para melhor!? Mas quem aceita toda esta construção artificial de uma “normalidade” não está mergulhado, afogado, dissolvido em uma ideologia criada por outros!?
Fica por último, mesmo, a questão que parecia a principal, a cor da bandeira.
Por que o vermelho é tão polêmico? É verdade que algumas bandeiras usam a cor como simbologia para a revolução comunista, mas há quem a use como representação da fraternidade (liberté, egalité, fraternité). Na bandeira da Espanha, o vermelho, entre outros significados, é homenagem à valentia e às conquistas do povo espanhol. Nas bandeiras da Costa Rica, do Chile e da Itália, o vermelho pode ser interpretado como o sangue de heróis e mártires que lutaram pela independência de suas nações.
A interpretação mais curiosa do uso da cor (além de trazer o tema religioso, presente em diversas bandeiras), vem da Inglaterra, representada por uma cruz vermelha sobre fundo branco. A cruz simboliza São Jorge, padroeiro da Inglaterra. Segundo a lenda, o santo, para salvar uma princesa, enfrentou e matou um dragão, com o sangue deste fez a cruz sobre o escudo…
Já a bandeira brasileira que, como todos sabem, não tem a presença do vermelho, foi inspirada na bandeira do império, na qual o verde e o amarelo nada tinham de beleza simbólica. O verde era a cor da casa real dos Bragança (família de D. Pedro I) e o amarelo, da casa dos Habsburgo-Lorena, família de Dona Leopoldina, primeira esposa do imperador. A interpretação dada a estas cores, mantidas no modelo republicano da bandeira, atribui o verde às matas, o amarelo ao ouro, o azul aos céus e rios, e o branco à aspiração pela paz. As estrelas seriam os Estados brasileiros e o lema “ordem e progresso” veio do pensamento positivista.