Todo gigante não desiste, persiste

Da direita para a esquerda: Tessea, Kreton, Akan, Popôa, Symakrit.

Conheci os índios gigantes, em 2006, os Panará, os Krenakarore, nem tão altos assim, mas de lastimável história, fato sorrateiro na abertura da rodovia BR 163, que cortara o chão destes.

“Mito de gigantismo cai em 1973, entre contatos tensos:

Foi no ano de 1949 que os irmãos Villas-Boas (Cláudio, Leonardo e Orlando) avistaram pela primeira vez os krenakarores. Os sertanistas estavam preparando a área onde seria erguida a base aérea da FAB na serra do Cachimbo, no Pará. Os primeiros índios avistados na região tinham realmente um tamanho impressionante. “Eles deviam medir mais de dois metros de altura e tinham o tórax marcado por cicatrizes paralelas”, lembra Orlando.
Em 1967, um incidente levou novamente os Villas-Boas à região dos índios gigantes. Um grupo de krenakarores havia se aproximado da base aérea de Cachimbo. Alguns homens deram tiros para cima, afugentando os “invasores”. O governo federal então chamou os irmãos Villas-Boas para acalmar os índios. “Na realidade, eles queriam fazer contatos amigáveis, pois estavam acompanhados das famílias”, diz Orlando, que na época estimou em 500 o número de krenakarores.
Depois, nos anos 70, veio a maior ameaça: o Plano de Integração Nacional do governo Médici, que previa a construção da BR-163, a Cuiabá-Santarém, passando pelas aldeias dos krenakarores. Em janeiro de 72, os Villas-Boas assumiam a vanguarda do 9o.Batalhão de Engenharia e Construção, encarregado de abrir a estrada. Os sertanistas levaram quase dois anos para contactá-los.
Em abril de 1973, o sertanista Apoena Meirelles chegava à margens do Peixoto de Azevedo para prosseguir a aproximação iniciada com os Villas-Boas. O mito caía por terra: os krenakarores – reduzidos a 100 e a maioria doente – não eram gigantes.

Tal infortúnio ouvi no ofício de andar dentre eles; a fotógrafos cabe documentar os sábios, em solo e hora devidos, um pensar ancestral.

Dr. Roberto Baruzzi, pioneiro na tradição da Escola Paulista de Medicina e a saúde dos povos indígenas, aponta ao cacique Akam, em 2007, que aspira, a importância da ciência médica entre o caminhar dos povos tradicionais.

O chefe, cacique forte e resiliente, pura sapiência Panará, Akam, hoje se imunizou, cutucou, tomou picada, agulha, vacina mesmo.

Coisa linda de ver e do saber, que persiste além das insanidades desse período de pandemia.

Vacina é tudo de bom e óculos escuros também.

Hoje, a vacina chegou entre os indígenas Panará.

https://terrasindigenas.org.br/pt-br/terras-indigenas/4073

De resto, é caminhão e infortúnio.

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