Tiroteio em Paraisópolis foi forjado pelos seguranças de Tarcísio

Homem desarmado é morto em Paraisópolis; testemunhas falam que tiro veio de seguranças de Tarcísio, que tentou fazer uso político do evento

O cinegrafista Marcos Andrade da Jovem Pan, que gravou o suposto tiroteio em Paraisópolis, mais outras quatro testemunhas afirmaram que os tiros vieram de pessoas à paisana que integravam a campanha de Tarcísio. Andrade tem 49 anos e 30 de profissão. Durante a visita de Tarcísio a Paraisópolis foi o único representante da imprensa que conseguiu captar o momento dos tiros que deixou um morto. Após o evento, Fabrício Cardoso de Almeida, agente licenciado da Abin, que integra a campanha de Tarcísio, chamou o cinegrafista e pediu para que o vídeo dos tiros fosse apagado. Andrade contou à “Folha de S. Paulo” que os homens que atiravam eram seguranças de Tarcísio. Ao The Intercept Brasil, outras quarto testemunhas narraram que foi um segurança de Tarcísio que matou um homem desarmado em Paraisópolis. Vídeo que circula pelas redes mostra homem morto no chão e captou uma voz que diz “Tenente, tenente, vai ver se ele (o morto) tem arma na cinta”.

Por Emanuela Godoy

Na manhã de 10 de outubro, Tarcísio de Freitas fazia um evento em Paraisópolis, a segunda maior favela de São Paulo. A comunidade, entretanto não tinha conhecimento da ida do candidato. Tudo parou, quando ruídos de tiros foram ouvidos. Pouco depois, um cadáver estava estendido no chão: era Felipe da Silva Lima, de 28 anos. Tarcísio, prontamente, se apropriou do acontecido para se beneficiar politicamente e afirmou que o caso era um atentado contra a sua candidatura. Picareta! Não tardou para a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSPSP) informar que a troca de tiros não tinha nenhuma conexão com a presença do candidato. Que os tiros eram entre bandidos e policiais militares.

Hoje se sabe que não houve troca de tiros. Que só os seguranças de Tarcísio atiraram. Que Felipe, o morto, nem sequer estava armado. Em depoimento, a PM afirmou que recolheu objetos da cena do crime. Segundo a polícia, o tiro que matou o homem veio de um soldado do serviço reservado da PM. Ele estava reforçando o policiamento da região por causa da visita de Tarcísio.

Qual, afinal, o envolvimento de Tarcísio com o ocorrido? Por que sua campanha pediu para que o cinegrafista apagasse o vídeo do “tiroteio” – leia-se “assassinato” – que causou a morte de um jovem? Além disso, por que, depois de Andrade divulgar o áudio da reunião em que o agente secreto Fabrício Cardoso de Almeida pede que o vídeo fosse deletado, a campanha de Tarcísio pediu a demissão do cinegrafista? O que Tarcísio de Freitas está escondendo?

Entenda o caso de Paraisópolis envolvendo Tarcísio

No dia 17, Tarcísio chegava em Paraisópolis com uma forte escolta de seguranças para o projeto social que inaugurava um polo universitário na comunidade. Policiais militares fardados vistoriavam a rua em que Tarcísio estava. Faziam isso de forma hostil, o que causou constrangimento nos convidados do evento.

Meia hora depois a chegada de Tarcísio, Felipe Silva de Lima (que depois foi morto) e uma segunda pessoa que foi identificada como Rafael chegaram de moto. Segundo as testemunhas ouvidas pelo The Intercept Brasil, os dois foram até um segurança à paisana e disseram: “A comunidade não quer vocês aqui, vão embora”. Então os dois homens foram embora e ouviu-se um tiroteio. Depois dos tiros, Felipe e Rafael retornaram e foram recebidos com tiros pelos seguranças. Rafael conseguiu fugir, mas Felipe foi morto. Ele estava a cerca de 100 metros do evento de Tarcísio.

De acordo com as testemunhas, o corpo de Felipe foi levado numa viatura e carregado até um posto de gasolina. O carro ficou estacionado por alguns minutos até levar o corpo ao hospital. Os policiais militares disseram na delegacia que os dois jovens atiraram neles, entretanto, nenhuma arma foi apreendida. Felipe da Silva Lima deixou três filhos menores de idade.

Veja mais sobre Tarcísio e Paraisópolis aqui:

COMENTÁRIOS

POSTS RELACIONADOS

Revolução das consciências

“A democracia precisa ser libertada de seus vícios conservadores e emancipada da apropriação burguesa. A comunicação é questão de saúde pública”

A nova fase do bolsonarismo

Por RODRIGO PEREZ OLIVEIRA, professor de Teoria da História na Universidade Federal da Bahia O ato de 25/2 inaugurou um novo momento na história da