por Ricardo Melo
As imagens expostas à exaustão sobre a intentona bolsonarista de domingo falam por si só. Tão impressionantes quanto o grau de destruição de instalações públicas são os vídeos mostrando policiais fazendo papel de escolta e de mestres de cerimônias para a turba neofascista enfurecida em direção a ministérios, STF, Planalto e Congresso.
Após 4 anos de Bolsonaro, as tais forças de segurança foram moldadas para dizer amém ao mitômano. As repartições públicas abrigaram milhares de militares cuja única missão era ajoelhar-se diante do delinquente que tomou conta do Planalto. Isso envolve desde o baixo até o alto escalão. Pasmem: o novo ministro da Defesa defendeu os acampamentos como pacíficos e democráticos: “há até parentes meus participando”, disse José Múcio. Ministro da Defesa de quem? Dos golpistas.
Um rastreamento ligeiro realizado por veículos de imprensa entre os sediciosos estacionados em frente a quartéis indicou que muitos, quando não a maioria, estavam lá em troca de três refeições, abrigos para dormir e um dinheirinho extra.
Onde estavam os órgãos de segurança do novo governo? O que fizeram com mensagens espalhadas aos milhares em redes sociais e declarações de sabujos do bolsonarismo? O que fazia o chefe do GSI diante da tragédia? Responderam com tuítes inocentes enquanto o barril de pólvora estava prestes a explodir.
A chave do problema. Quem financia toda esta insurreição tabajara enfurecida? Manifestantes não caem do inferno ou do céu como pingos de chuva. São arregimentados ou em troca de ideais ou algum dinheiro. Tudo mostrou que existiu uma logística preparada com antecedência. Até as pedras do Planalto sabiam que os golpistas estavam a postos, pelo menos desde os atentados abortados contra postos de gasolina, caminhões tanque, ônibus, refinarias e instalações elétricas.
Com atraso, Lula afastou o governador de Brasília e o secretário Torres por cumplicidade com os neofascistas. Mandou desarmar os acampamentos. Ordenou prisões em massa. Tudo depois da porta arrombada.
É pouco. Todos os presos devem ser investigados até o talo e colocados diante dos rigores da lei. A maioria deles são bagrinhos contratados, mas certamente possuem informações valiosas. O fundamental é “seguir o caminho do dinheiro”, como se dizia na época do Watergate.
Tão importante quanto isso é fazer uma faxina em regra dentro do governo. A começar da defenestração de uma ministra do Turismo ostensivamente ligada a milicianos e da tropa de militares que tomou conta de milhares de escrivaninhas desde 2019.
Sobram Bolsonaro e sua família. O chef da gang hoje passeia pela Florida carregando na bagagem uma montanha de crimes acumulados. Comporta-se, porém, como um turista competindo com Mickey, Pateta, Tio Patinhas e os Irmãos Metralha. É um escracho. É urgente a extradição ou deportação para que Bolsonaro responda pela sua capivara dolosa. Ele e sua família de malfeitores.
Essa conversa de “pacificar o Brasil” com base em mensagens de redes sociais é um engodo.
Que Lula atente que seu governo assumiu cheio de promessas quanto à redução de desigualdades sociais. É o que o povo espera e dele vai cobrar. Emprego, educação, saúde, habitação, pôr os pobres no orçamento e os ricos no imposto de renda. Isso que pode pacificar o país e isolar os insurgentes. Mas só será viável se o novo governo economizar na retórica, agir com antecipação e deixar de “dormir com os inimigos” como se fossem seus aliados.
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