Sendo que era exatamente isso que o Treme Terra queria.
Racismo é crime, de novo. Além de coniventes, os funcionários da TAM coagiram e agrediram as vítimas do racismo e privilegiaram os agressores.
POR QUÊ?
O Treme Terra é um grupo artístico. Como perceberam que os funcionários da TAM não estavam defendendo os interesses da população, criaram uma intervenção poética, explicando o que tinha acontecido. Um passageiro se exaltou e exaltou um tal de Bolsonaro 2018.
Oi?
Os ânimos ficaram no limite mais ainda. Quando outro passageiro chegou para acalmar os ânimos, dizendo que era pai de família, o músico Pedro Henrique respondeu: qual a diferença entre um pai de família e uma mulher negra?
POR QUÊ?
Chegando ao aeroporto, foram todos transferidos para a Sala da Polícia Federal. Em outra sala entraram apenas os comissários da TAM mais os passageiros agressores.
POR QUÊ?
Depois de duas horas na PF do Aeroporto, com direito a porta na cara e destrato policial, todos foram transferidos para a Delegacia da Lapa, já que o aeroporto não contava com delegado no local. Oi?
Mais 10 horas de entrevistas, documentações, esperas… Foi só então que o caso se configurou abertamente. Os dois passageiros agressores racistas também são funcionários da TAM. Olha só, que incrível. Isso tem um nome:
RACISMO INSTITUCIONAL. RACISMO INSTITUCIONAL. RACISMO INSTITUCIONAL.
Senhora TAM, você é racista. Você, funcionário da TAM, se é conivente com esse caso, você também é racista. Você, passageiro, que também é conivente com o caso, acha que não tem nada a ver com isso, você também é racista. Você, você e você.
O racismo institucional transforma casos pessoais em um apartheid social. Vivemos isso, não podemos negar. Vivemos em um apartheid social há séculos. Mas, de repente, esses mundos, até então separados, começaram se encontrar nos espaços ditos públicos. Nos últimos 15 anos, esses encontros se intensificaram. Nos shoppings, nas escolas, nas universidades, nos aeroportos. E o caldo entornou. O Brasil cordial virou piada de mau gosto. A democracia racial se transformou em uma propaganda de cerveja.
Mesmo assim, cada vez que nos levantamos quando somos agredidos, cada vez que parte da sociedade se mobiliza, seja compartilhando em rede, seja indo pra rua protestar contra o genocídio da população jovem negra periférica, cada vez que a imprensa se posiciona claramente, o futuro se torna um pouco mais possível.
Racistas não passarão.