O Brasil tem 64,25 milhões de negativados, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O estudo, realizado anualmente, mediu o nível de endividamento até o mês de setembro de 2022.
Apesar de o presidente Jair Bolsonaro insistir numa inexistente recuperação econômica, os altos níveis de inflação e a diminuição do poder de compra dos salários tem deixado 4 em cada 10 brasileiros adultos à beira do desespero, deixando de pagar cartão de crédito, carnês de comércio e escolhendo boletos de contas de consumo, como relativas ao fornecimento de água, energia elétrica ou de comunicações.
É como se quase uma França inteira dentro do Brasil tivesse contraído dívidas que não consegue pagar. A dívida média é de cerca de R$ 3.700, com a seguinte distribuição: 34,14% devem até R$ 500 enquanto 20,48% tinham dívidas entre R$ 1.000,01 e R$ 2.500,00 e 18,42% estão devendo valores na faixa de R$ 2.500,01 até R$ 7.500,00.
A maioria das pessoas, 61,18% do total, devem para bancos. Em seguida, há 12,86% de devedores junto ao comércio, 10,51% com contas de água e luz e 8,24% de comunicação. Os setores que tiveram as maiores altas em relação ao mesmo estudo realizado em 2021 foram o bancário, que cresceu 12,86% e o de água e luz aumentando 11,86%.
Isso significa que brasileiras e brasileiros, todos os meses, não conseguem pagar suas contas e garantir sua sobrevivência ao mesmo tempo. A alta dos preços dos alimentos combinada à perda de renda e aos salários que permanecem baixos faz com que a maioria das famílias esteja gastando mais do que ganha, aumentando cada vez mais o número de negativados. O cenário, já explosivo, pode se transformar numa bola de neve e levar à quebradeira geral, uma vez que, quanto mais inadimplente está uma pessoa, maior a probabilidade de ela contrair cada vez mais dívidas.
Enquanto o governo federal alardeia que está vencendo a crise econômica e paralisou a máquina pública para jogar todas as fichas na reeleição, o orçamento das famílias está cada vez mais apertado – e sem perspectivas de melhora.