A sobreposição das violências e como nos manter fortes.
Nossa realidade hoje é a da pandemia, que se tornou mais um tipo das violências para nossa sociedade lidar. O mesmo discurso de ódio que agravou o impacto do COVID-19, agravou também uma das violências conhecidas pela nossa população desde a invasão e saqueamento desse território.
Como se a quantidade de mortes relacionadas ao COVID-19 não bastasse, a violência policial tem se intensificado com alvos específicos e, dessa vez, ela chegou bem perto de casa. Diante de tantas mortes simbólicas sofridas pela nossa sociedade, me deparei com o assassinato brutal de uma pessoa próxima.
No momento em que mais precisamos das artes para nos fortalecer, não só por conta da dureza da pandemia mas também por conta da violência gerada por uma cultura do ódio, um artista é assassinado por um policial em folga, mais um golpe contra a cultura e contra nossas liberdades no momento em que mais precisamos de prazer.
Do horror da violência contra Nego, algo muito bonito surgiu. Saímos todos em protesto pela morte dele e de tantos outros, pelo ataque à cultura, pela privação de nossas liberdades. Cantamos com ele uma última vez; através da boemia nos renovamos e nos tornamos mais fortes. É a arte que vai nos fornecer a energia para a luta.
O Beco do Batman agora está em luto, e ele será nossa vitrine para o mundo, continuaremos a denunciar as violências contra as minorias e contra qualquer um que ouse viver diferente.
Nego não será esquecido. E esse é também um momento de lutar.
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Minibio
Descobri minha paixão pela fotografia através de meus amigos e resolvi estudar fotografia técnica no Senac. Trabalhei alguns anos com fotojornalismo e amo observar e registrar o comportamento das pessoas. Nos últimos anos tenho me interessado pelo registro de movimentos e passeatas, onde capturo as pessoas em momentos de intensidade.
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Para conhecer mais o trabalho da artista
Instagram: https://www.instagram.com/calucorazziphoto/
E-mail: [email protected]
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O projeto Futuro do Presente, Presente do Futuro é um projeto dos Jornalistas Livres, a partir de uma ideia do artista e jornalista livre Sato do Brasil. Um espaço de ensaios fotográficos e imagéticos sobre esses tempos de pandemia, vividos sob o signo abissal de um governo inumanista onde começamos a vislumbrar um porvir desconhecido, isolado, estranho mas também louco e visionário. Nessa fresta de tempo, convidamos os criadores das imagens de nosso tempo, trazer seus ensaios, seus pensamentos de mundo, suas críticas, seus sonhos, sua visão da vida. Quem quiser participar, conversamos. Vamos nessa! Trazer um respiro nesse isolamento precário de abraços e encontros. Podem ser imagens revistas de um tempo de memória, de quintal, de rua, documentação desses dias de novas relações, uma ideia do que teremos daqui pra frente. Uma fresta entre passado, futuro e presente.
Outros ensaios deste projeto: https://jornalistaslivres.org/?s=futuro+do+presente