Alunos de uma escola da rede pública foram carimbados por um professor para não repetirem a merenda. O caso aconteceu em Planaltina, no Distrito Federal, e foi denunciado pelos estudantes. O professor responsável é Saimon Freitas Cajado Lima, bolsonarista assumido.
O caso
No dia 09/09, fotos de crianças com as mãos carimbadas passaram a circular nas redes sociais. As imagens dizem respeito aos alunos do Centro Educacional III, um colégio da rede pública de Planaltina, no Distrito Federal. O carimbo faz parte de um sistema, estabelecido pelo professor bolsonarista, para que os estudantes não comam a merenda mais de uma vez.
Uma aluna, em entrevista à rede Globo, afirmou que se recusou a ter a mão carimbada, e teve seu prato retirado por um funcionário. A medida, estabelecida pelo professor, servia para saber quem já lanchou e não poderia repetir.
Os Jornalistas Livres entraram em contato com a Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF) , que afirmou que não existe legislação que proíba o aluno de repetir, e se caso for necessário, a escola pode solicitar pedido extra de alimentos.
A Secretaria ainda informou que “cada unidade escolar recebe alimentos de acordo com o número de estudantes que realizam as refeições nas escolas. O número de alunos é informado pela escola. Todas as escolas que estão em área de vulnerabilidade social ou que recebem alunos de áreas vulneráveis, tem a possibilidade de oferecer uma refeição extra”.
Por fim, a SEEDF completou que deslocou uma equipe para a escola, para verificar a situação, e que tomará as providências necessárias diante da investigação.
Buscando em suas redes sociais, os internautas descobriram que o funcionário público é apoiador ferrenho de Bolsonaro. Na internet, Saimon Freitas Cajado Lima defende abertamente o presidente, e veicula conteúdos de extrema-direita.
Em agosto, Bolsonaro vetou o reajuste aprovado pelo congresso do valor repassado aos estados e municípios para a merenda escolar.
Para 2023, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) corrigia os valores destinados ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) de acordo com a inflação. A proposta havia sido aprovada pelo congresso, entretanto Jair Bolsonaro vetou.
Além disso, atualmente, o governo disponibiliza menos de R$ 1 por aluno para a alimentação, ignorando o reajuste da inflação. Para os alunos da pré-escola, são 53 centavos e, para os que estão no Ensino Médio e Fundamental, são 36 centavos.
No Brasil, em 2022, 33,1 milhões de pessoas passam fome. Desse total, pelo menos 6,5 milhões são crianças. Fazer três refeições – almoçar, lanchar e jantar – é um privilégio no país. Por isso as refeições nas escolas são tão importantes para os jovens, que muitas vezes não tem acesso à alimentação em casa.