A eleição da primeira vereadora negra da história de Curitiba, Carol Dartora (PT), está incomodando a branquitude da capital paranaense. Algumas propostas apresentadas pela petista com pautas do movimento negro têm sido barradas nas comissões da Câmara Municipal.
Após denunciar essas situações como racismo estrutural, alguns vereadores passaram a atacar Dartora nas redes sociais e na tribuna, chegando ao cúmulo de acusá-la de racista. Nesta semana, a visita de mulheres negras representantes do movimento negro aos gabinetes dos parlamentares para pedir apoio aos projetos de interesse do movimento protocolados por Dartora, também causou polêmica.
Um vereador bolsonarista chegou a usar a tribuna para fazer falsas afirmações dizendo que a visita teria sido uma invasão e realizada, não pelas ativistas, mas pelos assessores da vereadora, isso porque a equipe de Dartora é composta por pessoas negras.
“Esdrúxulo é quando eu trato de um problema social, que se chama racismo, eu ser criminalizada e essa tentativa de ser silenciada por vários vereadores que estão tentando inverter a lógica e me acusar por denunciar um problema social, que eu vou continuar denunciando”, disse Dartora. Durante sua fala, ela foi interrompida várias vezes.
O episódio mostra a dificuldade e a resistência de alguns parlamentares curitibanos em admitir a existência do racismo estrutural na terceira cidade com maior número de células neonazistas no Brasil, segundo a pesquisadora da Unicamp, Adriana Dias. Curitiba também demorou 328 anos para eleger uma mulher negra e dos seus 38 vereadores, apenas três são negros.