O ex-ministro da Educação (MEC) e pastor da Igreja Presbiteriana de Santos, Milton Ribeiro, comandou esquema que exigia pagamento de propina para as igrejas dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura, em troca de contratos de obras federais para construção de escolas. Ailson Souto da Trindade, candidato a deputado estadual pelo Progressista no Pará, informou ao Estadão, que o pagamento deveria ser feito em espécie e que o dinheiro seria escondido na roda de uma caminhonete para ser transportada de Belém (PA) para Goiânia (GO), onde ficam as igrejas.
Além de candidato, Trindade é empresário do setor de construção civil e decidiu realizar a denúncia, pois segundo ele, as ameaças de ex-aliados se tornaram insustentáveis. Ele confessa já ter emprestado dinheiro com juros a políticos e é um dos candidatos mais ricos destas eleições, mas a origem do dinheiro não é bem identificada. Ele também responde pelo crime de estelionato, após prometer um empréstimo para beneficiários do programa Bolsa Família.
Gilmar, Arilton e Milton já são investigados pela polícia por conta do “gabinete paralelo” do MEC. O inquérito corre sob sigilo no Supremo Tribunal Federal (STF), após interferências do Presidente Jair Bolsonaro. O ex-ministro e os pastores chegaram a ser presos durante o processo. Trindade foi o 12ª pessoa a denunciar o esquema de corrupção, prefeitos também confirmaram a necessidade de pagar propina em dinheiro, comprar bíblias e ouro para ter acesso a verbas do ministério.
O empresário acusa o ex-ministro de pedir R$ 5 milhões em dinheiro vivo para garantir que as obras públicas seriam destinadas a ele. Trindade conta que durante uma reunião com vários prefeitos, Milton se apresentou e explicou como o esquema funcionava. “Eu sou Milton, o ministro da Educação, e o Gilmar já me passou o que ele propôs para você e eu preciso colocar a tua empresa para ganhar licitações, para facilitar as licitações. Em troca você ajuda a igreja. O pastor Gilmar vai conversar com você em relação a tudo isso” relatou Trindade.
Para mascarar a propina e justificar o repasse de verba da empresa de Trindade, para as igrejas, um contrato falso entre o empresário e a igreja de Gilmar seria firmado. “‘Mas o que que eu vou ganhar em troca? Como é que vai acontecer? A igreja vai contratar minha empresa?’ ‘Não, a gente faz um contrato, entendeu? Faz o contrato com a empresa, a igreja contrata a tua empresa e eu consigo articular para tua empresa fazer as obras do governo federal’”, contou Trindade.
** Com informações do Estadão
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