Oscar premia filme cujo “herói”, opositor de Putin, é racista, xenófobo e islamofóbico

Documentário premiado no Oscar transforma Alexei Navalny, um racista de extrema direita, em herói e vítima de Putin
Líder da oposição russa, Alexei Navalny - Foto: Reuters
Líder da oposição russa, Alexei Navalny - Foto: Reuters

Neste Oscar de 2023, quem levou para casa o prêmio de melhor documentário foi o diretor canadense Daniel Roher com o filme “Navalny”. Disponível na plataforma da HBO Max, o longa traz a história de um dos principais opositores de Vladmir Putin: Alexey Navalny. Conhecido por denunciar o governo russo e casos de corrupção, desde 2021 Navalny se encontra preso em cela de proteção máxima. Não só por isso, entretanto, é conhecido o crítico ao regime russo. Com uma narrativa que propõe opor, de forma superficial, Putin e Navalny, como se estivéssemos diante do bem e do mal, o diretor canadense ignora as controvérsias que envolvem o opositor de Putin. Pintado como herói, o filme oculta que Navalny é uma personagem abertamente racista, xenófoba e ativista de extrema direita.

Por Emanuela Godoy

Daniel Roher, diretor do documentário vencedor do Oscar 2022

Em sua história de vida, Navalny já comparou muçulmanos a baratas e defendeu a expulsão de todos os imigrantes “não brancos” que vivem na Rússia. Quem relembrou esse episódio foi o jornalista Terrel Jermaine Starr, do Atlantic Council, em artigo no Washington Post. Em seu texto, Starr traz a tona o vídeo de 2007 em que Navalny pratica islamofobia. Nele, o ativista de extrema-direita defende a legalização das armas e se apresenta como um “autêntico nacionalista”. No mesmo vídeo, o opositor de Putin diz desejar exterminar as moscas e as baratas enquanto imagens de muçulmanos aparecem na tela. Além disso, aparece com uma arma e finge atirar em um ator que veste um keffiyeh, que é um lenço tipicamente árabe.

Há um segundo vídeo polêmico, que o jornalista Guga Chacra resgatou da BBC , em que Navalny aparece vestido de dentista, então passa por trabalhadores imigrantes e defende que o governo deveria se livrar dessas pessoas como se fossem dentes podres.

Navalny e os supremacistas brancos

Fora do Youtube, Navalny já esteve mais de uma vez na Marcha Russa, que é uma manifestação anual em que se encontram nacionalistas de extrema-direita, monarquistas e supremacistas brancos. É também comum nessas manifestações a presença de neonazistas, facilmente identificados pelas saudações com braço direito levantado. Em 2011, o ativista foi questionado sobre a sua presença na marcha e ele defendeu que se tratava de um “evento político significativo”.

Além disso, Navalny é um dos apoiadores da política “não alimente o Cáucaso”, que consiste na defesa da suspensão de subsídios para a venda de alimentos a províncias da região, que são em sua maioria islâmicas. Mesmo na tentativa de adotar um tom moderado com a sua candidatura a prefeitura de Moscou em 2013, Navalny nunca abandonou a defesa de políticas contra imigrantes. Em 2020, em entrevista a um jornal alemão o ativista de extrema-direita sublinhou a sua defesa anti-imigração.

Os posicionamentos abertamente racistas de Navalny já foram alvo de criticas da Anistia Internacional, sendo que a última delas ocorreu ainda em 2022. No entanto, o opositor de Putin jamais se retratou.

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