O PSDB virou puxadinho do bolsonarismo

O PSDB não significa nada, em termos eleitorais, na eleição presidencial de 2022. É irrelevante, no mesmo nível de um Podemos, Cidadania etc. E então qual a razão de gastar um post com um partido irrelevante? É que o PSDB continua sendo tratado como gente grande pela mídia hegemônica e mesmo por muitos  de esquerda. Mentem para o distinto público a ponto de incluí-lo no “centro” político.

Por Carlos Eduardo Alves*

A votação de terça-feira (10) no voto impresso, quando a maioria dos tucanos foi com a tese do genocida, mesmo no dia em que milicos protagonizavam um desfile enfumaçado para ameaçar a Democracia, escancarou o que quem presta atenção na Política já sabia: o partido fundado para ser o representante da social-democracia no Brasil hoje é uma agremiação de direita caminhando para ser puxadinho da extrema-direita.

Não tem nada a ver com Mário Covas, um político digno de quem se poderia discordar mas que se mantinha longe de velhacarias.

Tenho amigos que sempre votaram no PSDB. Gente de direita civilizada ou mesmo centro, mas muito longe do fascismo. Aliás, algumas dessas pessoas são militantes antifascistas. Imagino o desconforto oriundo da constatação de que o partido foi tomado definitivamente por um escroque como Aécio e gente que consegue ser ainda pior.

Uma eleição para presidente não reflete necessariamente o tamanho do partido. Um exemplo? Lula é muito maior eleitoralmente que o PT. Outro? Boulos teve na última eleição paulistana sufrágios absolutamente incompatíveis com a modéstia do PSOL na cidade.

O PSDB saiu de 2018 como um partido médio e Alckmin teve uma votação ridícula, de nanico. Na próxima, o oportunismo de Doria (o homem saltitante do “bolsodoria”), a covardia de Leite ou a sonolência de Tasso Jeressaiti não chegará a 5%, embora os tucanos contem com a fortaleza paulista. E pq. acontecerá o desastre?

Chegamos ao ponto: advogo tem anos que o PSDB nunca teve um eleitorado próprio, com exceção de algumas franjas de classe média alta em SP e algumas capitais. Sabe aquela pessoa que se guia pelos comentários padrão GloboNews? Pois é.

O que ocorria é que esse votante de direita e antipetista ou antilulista não tinha moradia própria. Pagava o aluguel de seu voto aos tucanos enquanto não comprava a casa própria. E eis que chegou o genocida. O mundo ideal foi atingido.

Sim, temos uma multidão de brasileiros que é contra o Bolsa Família, os direitos trabalhistas para empregadas domésticas, cotas étnicas e sociais etc, direitos inclusivos mínimos que os governos do PT trouxeram ao Brasil. E essa classe média (não só ela, registre-se) encontrou Bolsonaro. Entre o original e o genérico, foi de vez para quem o representa. Bolsonaro não roubou o eleitorado tucano. Ele apenas ocupou o papel de verdadeiro dono daqueles anseios retrógrados.

Há gente boa no PSDB hoje? Difícil. O presidente nacional, por exemplo, é de uma miséria intelectual que faz inveja aos adeptos do genocida. Alckmin? Não é exatamente um fascista, mas lembre-se sempre que o cafajeste do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi empoderado na administração paulista de Alckmin. E por aí vai…

A adesão vergonhosa da maioria do PSDB ao bolsonarismo na votação do voto impresso capitaneada pelo velhaco Aécio, mostrou, para quem ainda fingia não ver a realidade, que o PSDB não é mais apenas aquele partido que esposava o pior do neoliberalismo econômico (aliás, o mesmo de Paulo Guedes). Os tucanos são hoje um braço da extrema-direita.Alguém com cinco neurônios dúvida que  seus parlamentares em 2022 ficarão com o genocida no confronto final com Lula? Eles não votaram à toa na barbaridade do voto impresso. Sabem que seus eleitores são os mesmos do genocida. Assim, a noite de 10 de agosto de 2021 representou também uma coisa bonita: o amor proibido, meio que escondido nas madrugadas, foi assumido publicamente. Os amantes são agora um caso oficial.

(*) do Facebook do autor

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