A prisão do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (MDB), fez a imprensa relembrar escândalos de corrupção envolvendo outros chefes do executivo fluminense. Alguns dos principais veículos da mídia hegemônica chegaram a noticiar que todos os governadores, desde 1998, terminaram atrás das grades. Esqueceram justamente de uma: a que não foi presa. Benedita da Silva, mulher negra, nascida na favela da Praia do Pinto e criada no Chapéu Mangueira.
Em 2002, quando assumiu, portanto há 16 anos, era comum ouvir comentários tolos e nada sofisticados sobre Benedita. Todos eles eram quase sempre absurdamente racistas.
Programas de humor debochavam na televisão de Benedita, a classe média odiava o português dela, que trocava frequentemente o L (de problema) por R – pronúncia típica do que a intelectual Lélia Gonzalez brilhantemente batizou de pretoguês, que é o português influenciado pelo iorubá e outros idiomas africanos, que nem sempre possuem entre os seus sons o da letra R. E o seu passado como empregada doméstica e lavadeira era frequentemente evocado pela parcela mais privilegiada da população para questionar a sua capacidade de governar o Rio.
Benedita era comumente chamada de macaca, analfabeta, corrupta e tantos outros termos justamente pelos eleitores que, depois, deram vitórias a Rosinha Garotinho (que venceu Benedita na disputa pela reeleição), Cabral e Pezão.
Foi parceira histórica dos movimentos LGBT quando o PT era praticamente a única sigla progressista que tocava no assunto na cidade do Rio, embora já tivesse se convertido evangélica, sempre se pautou por assuntos de interesse da população negra e, diferente de todos os nossos ex-governadores, com exceção de Brizola, fez várias vezes campanha nas favelas e sempre ouviu as vozes das comunidades.
Desprestigiada pela direção nacional do PT, que “entregou” o Rio para uma aliança com a direita, em troca do apoio do PMDB às chapas presidenciais de Lula e Dilma, invisibilizada e menosprezada mesmo tendo obtido votações na casa dos milhões de votos, essa mulher negra é uma das que veio na frente abrindo caminho para que outras, da geração de agora, passassem e usufruíssem de mais espaços na política.
Em 2018, Bené foi a única deputada federal eleita pelo PT do Rio, um partido em crise e que apostou muita grana em outros medalhões, como o Dr Wadih Damus e o burocrata Luiz Sérgio. Teve milhares de votos principalmente nas favelas.
É bom lembrar que tivemos Benedita no cargo de governadora e de como foi essa história. É comum apagarem a história de uma mulher negra. Não deixaremos. Definitivamente não é verdade que todos ex-governadores do Rio foram presos. Nós temos obrigação de fazer memória sobre Benedita da Silva!
Por: Rodrigo Veloso e Márcio Anastacio
Ruth Marangao Ferrari
30/11/18 at 10:25
Jamais esquecerei o discurso da Benedita na Câmara no dia que foi aprovado o Impeachment da Dilma,ela me levou às lágrimas,qdo de improviso defendeu a Dilma!
Karina
30/11/18 at 16:12
👏👏👏👏👏
Juventina de Fátima Camargo Pontes
30/11/18 at 16:57
Acho que não apoiar Benedita no Rio foi um erro estratégico enorme.
Isabela Aparecida
30/11/18 at 19:35
Ficou a vontade de ouvir um pouco sobre o governo dela.
João Costa da Silva
30/11/18 at 21:01
Benedita da Silva, a negra, viva Benedita.
Lucas Figueredo
30/11/18 at 22:56
As manchetes dizem “governadores eleitos”. Benedita não foi eleita. Ela foi vice de Garotinho e assumiu o governo em 2002, quando ele renunciou para disputar a presidência.
Mara Machado
01/12/18 at 6:54
Omha só como são as coisas , eu realmente não me lembrava da Benedita. Eu sou da Bahia mas vou fazer essa correção pessoal e pesquisar seu mandato, sei que vão diser “ah mas vc nem carioca é ” eu eu digo mas sou brasileira e preciso prestar atençao nos meus governantes.
WALLACE STENIO DA SILVA
01/12/18 at 12:19
Ninguém fala nada da Bené realmente o governo dela não era mais bem aplaudido pela imprensa da época. Lembro dos Zeppelins mapeado do auto as comunidades a procura de informação que pudessem auxiliar as forças policiais nas suas incursões. Meu respeito Bené.
João Costa
02/12/18 at 21:04
Benedita me representa.