Então, a plateia é levada a crer que apesar de vilão, Pinochet fez “coisas boas” porque estragou a festa da cocaína no Chile quando “fechou 33 laboratórios”, “prendeu 346 traficantes de drogas” e “mandou matar todos eles”.
Só que não! Isso é apenas a fantasia de Padilha –sempre tão diligente em seu esforço para encontrar o “lado bom” em torturadores como o capitão Nascimento e, agora, em agentes da DEA, em grupos de extermínio colombianos e no campeão do terror de Estado, Augusto Pinochet.
Já está bem assentado o papel dos sicários a serviço de Augusto Pinochet no tráfico internacional de drogas. Coube a Manuel Contreras, braço direito do ditador e chefe da sinistra Dina (Direção de Inteligência Nacional), a polícia secreta do regime militar, a tarefa de transformar plantas inteiras do Exército chileno em unidades de processamento da coca.
Contreras deu proteção a narcotraficantes em troca de financiamento para as atividades da Dina e do lobby cubano anticastrista. Em depoimento à Suprema Corte do Chile, em 1998, o próprio Contreras declarou que nada empreendeu nessa área que não fosse de conhecimento prévio do ditador Pinochet. Em nova acusação, feita em 23 de junho de 2006, Contreras afirmou que a origem da fortuna de Pinochet, estimada em 28 milhões de dólares, foi o tráfico internacional de cocaína.
Segundo reportagem do jornal inglês “The Guardian” de 10 de dezembro de 2000, “apenas entre 1986 e 1987, 12 toneladas de drogas (…) saíram do Chile com destino ao território espanhol. A distribuição na Inglaterra e em outros países europeus era controlada pela polícia secreta baseada nas embaixadas de Estocolmo e Madri.”
Pinochet era isso. Um vilão sem lado bom, apesar da boa vontade de Padilha.
Mais informações:
http://www.theguardian.com/world/2000/dec/10/chile.pinochet
http://elpais.com/diario/2000/12/11/internacional/976489218_850215.html
http://www.pagina12.com.ar/diario/elmundo/4-69699-2006-07-10.html