Movimento indígena elabora plano com suas pautas para os 100 primeiros dias do governo Lula

A Apib propõe participação no governo, demarcações e a revogação de atos normativos que atacam direitos indígenas
om seis eixos temáticos, o plano traçado pela Apib pretende orientar a reconstrução da política indígena do governo federal - Wilson Dias
Grupo de deputados federais reúnem-se com índios acampados em frente ao Congresso e recebem lista de prioridades de todas as etnias indígenas.

A partir de um encontro com 60 lideranças, de um documento elaborado pelo Observatório do Clima e uma carta entregue a Lula (PT) durante a campanha, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) elaborou um plano de governança indígena para os primeiros 100 dias do governo petista.

por Gabriela Moncau | Brasil de Fato | São Paulo (SP)

A participação de representantes do movimento no governo, o avanço nas demarcações e a imediata revogação de atos normativos que atacam os povos originários são algumas das demandas. Entre as normas que a Apib defende anular, está um parecer da Advocacia Geral da União (001/2017) que restringe a demarcação de terras indígenas com base na tese do marco temporal e uma instrução normativa da Funai (09/2020) que facilita a sobreposição de empreendimentos e propriedades privadas em terras indígenas.

A Articulação entregou uma carta para Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito e coordenador da comissão de transição do governo Lula, indicando três lideranças indígenas para compor a equipe dedicada a essa troca de comando do Planalto. O conteúdo do documento ainda não foi tornado público.

Além disso, o Fórum Nacional de Lideranças Indígenas, realizado na primeira semana de novembro em Brasília, destacou um grupo de trabalho com 10 integrantes para acompanhar o processo de transição. O objetivo é que o grupo subsidie, com propostas do movimento, a constituição do novo governo.

Os eixos prioritários 

Com seis eixos temáticos, o plano traçado pela Apib pretende orientar a reconstrução da política indígena do governo federal, no intuito de recuperar e fortalecer direitos atacados durante os quatro anos Jair Bolsonaro (PL) na presidência.

São eles: direitos territoriais indígenas: demarcação e proteção; reestabelecimento e criação de instituições e políticas sociais para os povos originários; criação de instituições e espaços de participação e controle social; agenda legislativa: interrupção de iniciativas anti-indígenas no Congresso e ameaças no Judiciário; agenda ambiental; e, por último, articulação internacional.

“Durante os últimos quatro anos vimos a política indígena e ambiental brasileira ser desmontada. Queremos a revogação das leis e a paralisação dos PLs que nos atacam e incentivam a invasão dos territórios ancestrais”, destaca Eunice Kerexu, também coordenadora da Apib. “Queremos ser ouvidos e consultados, algo que está previsto na Convenção n. 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e não foi respeitado por Bolsonaro”, completa.

Edição: Nicolau Soares

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