Melhorias no CRUSP: alunos organizam paralisação nesta terça (20)

Manifestação está marcada para a próxima terça-feira (20) e pretende fechar o acesso pelo portão 1 da universidade
Bloco D do Crusp, onde vivem mais de 130 estudantes | Foto: Píi
Bloco D do Crusp, onde vivem mais de 130 estudantes | Foto: Píi

Nesta terça-feira (20), alunos da USP vão realizar uma paralisação para exigir condições para a permanência estudantil na instituição. Entre as reivindicações, a principal é a garantia de acesso à água aos moradores do Conjunto Residencial da universidade, o CRUSP, que vem apresentando instabilidade nos blocos F e G, principalmente. 

Por Dani Alvarenga

Durante todo o mês de agosto, alunos relataram que as bombas e os reservatórios da universidade não davam conta de abastecer as residências. De acordo com Diego Gonçalves, estudante do curso de Ciências Sociais que passou a residir no bloco F por causa de reformas realizadas no D, os moradores chegaram a ficar duas semanas com instabilidade no fornecimento, com mais de 24 horas sem o retorno da água. 

“Teve vez que eu tive que ir no vestiário do centro esportivo para tomar banho. Não só eu, outros moradores também do F estavam indo até lá para poder conseguir tomar banho, porque ficou realmente muito tempo sem retornar a água, sem nenhuma previsão de quando iria voltar”, afirmou o estudante.

Diogo explica que o problema não é recente. Ele mora no CRUSP desde 2018 e relata que, durante a pandemia, em 2021, já foi realizado um abaixo-assinado em relação à falta de água. No entanto, como a universidade estava vazia devido às aulas remotas, a reitoria solucionou o problema com a instalação de apenas quatro caixas-d’água. Durante a pandemia, o recurso foi o suficiente, mas, com o retorno das aulas, o CRUSP está com capacidade e os quatro reservatórios já não são capazes de suprir as necessidades dos alunos.

Mas a falta d’água não é o único problema enfrentado pelos moradores do conjunto habitacional. Os estudantes reclamam que não há diálogo da instituição sobre construções e reformas dos prédios, manutenção dos elevadores e demais demandas da moradia. 

Veja abaixo a íntegra da carta do Comitê pela Reforma Democrática do CRUSP 

Carta de Reivindicações do Comitê pela Reforma Democrática do CRUSP

Formado por moradores, AMORCRUSP, DCE, APG e demais estudantes apoiadores, o Comitê pela Reforma Democrática do CRUSP, no contexto da paralisação por permanência, na data de 20 de setembro de 2022, decidida em plenária dos três setores – estudantes, funcionários e docentes –, vem por meio desta apresentar as seguintes reivindicações para a Reitoria da USP:

1. Fim da falta d’água: O problema da falta d’água no CRUSP é recorrente. Durante a pandemia, por exemplo, mesmo com a moradia esvaziada, foram inúmeros episódios em que os moradores ficaram sem água em suas casas. Assim, além de soluções emergenciais a curto prazo, exigimos a garantia do fim do problema, o que deve incluir a construção de um sistema de reservatórios que sejam suficientes para garantir o amortecimento das quedas de abastecimento. Em casos de redução da pressão da água pela SABESP, é responsabilidade da Reitoria da Universidade de São Paulo garantir o direito à água para todos os moradores,  executando as reformas necessárias para tornar a rede de distribuição hidráulica capaz de manter o fornecimento adequado. Já em uma falta prolongada de abastecimento por parte da SABESP, o que não tem sido o caso, um plano emergencial, como o da contratação de caminhões pipas, já precisa estar previamente elaborado, para evitar qualquer morosidade burocrática.

2. Comprometimento formal com a participação dos moradores na reforma: Garantia documental de que a reforma de todos os blocos ocorrerá, e que ocorrerá com a participação dos moradores em todos os blocos, por meio de vias acordadas com os moradores. Ou seja, que as demandas construídas em Comitê, composto por moradores e suas entidades, e comunicadas pela Comissão de representantes em contato com a PRIP, ou qualquer outra instância que venha a assumir a pasta, sejam reconhecidas e legitimadas. Já as iniciativas por parte da reitoria, no âmbito da reforma, devem ser previamente comunicadas e decidas em conjunto com os moradores, que serão informados pela Comissão e tomarão suas decisões em assembleia. Evidentemente, qualquer processo democrático de reforma só será possível mediante o compromisso documental da Reitoria, por meio da PRIP, em garantir que todos os blocos do CRUSP serão reformados e destinados à moradia estudantil, inclusive os blocos K e L.

A comissão de representantes será composta por quatro titulares e quatro suplentes, ora nomeados: 

[será colocado até 20/09]

Ainda sobre o compromisso com uma reforma democrática, demandamos que o próximo bloco alvo de reforma seja o bloco L, a fim de corrigir a redução de vagas provocada pelo esvaziamento do bloco D.

O fim da falta d’água e a participação dos moradores do CRUSP na reforma da moradia, já em curso, são as mais urgentes e necessárias reivindicações destacadas nessa carta. Entretanto, entendemos que a situação do CRUSP e da permanência estudantil envolvem diversas outras demandas, que por hora não receberão igual destaque, em vistas de nossa prioridade expressada. Assim, nomeamos outras demandas não negligenciáveis e necessárias de serem resolvidas imediatamente por parte da PRIP e da Reitoria da USP: reparo imediato de todos os elevadores do CRUSP, muitos dos quais seguem há meses sem funcionar; aumento da frota de ônibus circulares nos fins de semana para atender os moradores do CRUSP e nos horários de pico dos dias úteis; diminuição das filas dos restaurantes universitários, e a fiscalização do cumprimento dos contratos; fornecimento de janta aos fins de semana  para atender a demanda do CRUSP; retorno do passe livre no transporte público para moradores do CRUSP; políticas mais efetivas na promoção de saúde mental para os moradores; aumento para o valor de R$1.000,00 o auxílio-moradia, as bolsas PEEG e bolsas PUB; e a implementação de um auxílio-financeiro para estudantes que habitam as moradias estudantis.

Assinam essa carta:

Entidades:

DCE Livre da USP “Alexandre Vannucchi Leme”

AMORCRUSP

APG-USP, Campus Capital, Helenira ‘Preta’ Rezende 

CeUPES Ísis Dias de Oliveira

CEFiSC

GFAUD

Centro Acadêmico XVII de Maio

CEFISMA

CAII

CAF

CA XXXI de Outubro

CEGE

CEFiM

Guima

CAMat

CMR

CAEA

CEE

CAMRN

CA XVII de Maio

CA XXI de Junho

CAELL

CAM

CEC

CAVC

CAEP

CADC – Centro Acadêmico David Capistrano

CA XI de Agosto

CABIO-SPHN

CAPPF

CAER

Grêmio Politécnico

CAFB

UEE

EPEP

DAEF

AEQ

Organizações Políticas:

UJC

MUP

Disparada

Nossa Voz

Movimento Correnteza

Ecoar

Juntos

Campanha Permanência Não É Esmola

Rebeldia – Juventude da Revolução Socialista

Afronte!

UJS

Juventude Já Basta

COMENTÁRIOS

Uma resposta

  1. Os alunos fecharam totalmente a av. Alvarenga, balançando bandeiras do PT, o que causa mais indignação à população da cidade como um todo, já que eles têm ensino gratuito e até podem ter moradia, que falta à população. Deve ser melhor não causar tanto prejuízo à população da cidade.

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