Prometi a meus colegas jornalistas livres que não escreveria mais artigos em defesa do Lula. É preciso olhar criticamente o “mais lulista que o Lula”. Mas este texto não é sobre defender o Lula, é sobre defender algo muito mais imediato: meu interesse e, certamente, o teu. O povo brasileiro foi condenado junto com o Lula.
Lula não foi condenado por fazer parte de um grande esquema de corrupção. Temer e Aécio Neves são a prova disto. O Lula é temido por causa do poder que VOCÊ tem nas mãos. A amostra deste poder é o fato do ex-presidente ser o primeiro colocado em todas as pesquisas de intenção de voto. A “intenção” é tua, e o voto também será teu. Se eu e você, unidos a outras milhões de pessoas não quisessem o Lula de novo, ele não teria sido condenado como foi.
Outros tantos textos foram e serão publicados por pessoas brilhantes a respeito da ilegalidade da condenação. Mas, espero ser uma das tantas pessoas que tentarão responder a pergunta: “E agora?”.
Lula é um líder popular (quer a direita e algumas “esquerdas” gostem ou não!) e também um instrumento da vontade do povo, dentro dos limites de uma democracia representativa e estatal. Muitas contradições existiram no governo dele, mas ele foi o instrumento da empregada doméstica que precisava ter uma certeira assinada; de um morador das cidades mais longínquas do Nordeste que precisava de luz; daquele que não sabia como arrumaria um salário para sustentar os filhos; a mulher que, para sobreviver, dependia do dinheiro de um marido abusivo e passou a ser titular de benefícios sociais; e foi meu instrumento para poder estudar direito na PUC-SP. A direita fala de “pão com mortadela” porque não sabe o que é carecer destas coisas mais básicas. Não pode compreender a dor da fome, aquele que sequer passou da hora de comer. Não queremos nenhum passo atrás. Olha o quanto temos recuado desde a marcha golpista pisoteou nossos direitos!
No plano institucional, frágil e traiçoeiro, é hora de reunir forças em prol de um candidato ou candidata com duas características: compromisso e viabilidade. A primeira se consegue com pressão, e a segunda com trabalho. Lula ainda pode e deve ser este candidato, apesar deste novo golpe.
Agora, no cotidiano, é preciso mais rebeldia para ser, de fato, um povo sem medo. Rebeldia e ação direta não significa – necessariamente – cometer crimes (a não ser quando se trata de leis tirânicas!), mas se defender de criminosos que roubam direitos, expropriam os pobres e matam seus filhos. O mesmo aparato penal que condena o Lula é o mesmo que executa friamente o negro. É preciso dar uma basta à passividade. É preciso ir para as ruas, e também defender a moradia de quem ocupa; trabalhar pela greve, e fazer greve para ter direito a trabalhar.
Três homens brancos e bem pagos não podem definir o destino de milhões de brasileiros. Lula condenado ou presidente, o poder popular tem que ser da gente.
Precisamos ser politicamente livres. Esta pena eu não pago!
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E agora?