Ontem, vi na rede imagens sensacionais de Takumã Kuikuro e Kamikia Kisêdjê , fotógrafos de uma geração de brilhantes comunicadores indígenas, onde sempre nos surpreendem com cenas de um planeta indígena, tão cobiçado pela lei podre que quer impor mineração e agronegócio em terras dos índios e devastar aquilo que nela habita.
Fiquei olhando aquela imagem de Takumã, onde, sobre a grande casa de seu clã, se expunha sem pudor um arco de luz dourada, como se um céu de ouro e cores estivesse para cair sobre a cabeça dos homens.
Ao mesmo tempo, assistia, ao vivo, a um chamado de Caetano Veloso, em Brasília, para mudar o rumo da coisa fora da ordem, o Projeto de Lei 191/2020, que autoriza a mineração em terras indígenas, o projeto de lei do fim do mundo.
Logo recordei uma imagem antiga de Jesco van Puttkamer, onde o fotógrafo revelava um menino Nafukuá, retirando da terra ovos de tracajá. Assim deveria ser a terra indígena, apenas da terra tirar alguns ovos, de resto deixar viver o que nela habita. Mas não, cairá o céu, é hora de livrar-se das máscaras, é tempo de nova ordem mundial.
Não há zonas de exclusão no céu fora de ordem que se anuncia, nem uma lágrima de chuva haverá na vergonha desse momento, no Congresso há uma opção podre nos destinos da terra.
Vivemos um tempo de garimpeiros e soldados. Como disse Ailton Krenak, o fim do mundo talvez seja uma breve interrupção de um estado de prazer extasiante que a gente não quer perder. A mãe Terra vai nos tirar o peito de quem só quer mamar. Não teremos mais o seio, a referência de uma provedora maternal. Não tem nada a ver com a imagem masculina do pai. Todas as vezes que a imagem do pai rompe nessa paisagem é sempre para depredar, detonar e dominar.