Traduzido do jornal francês Le Monde Diplomatique. Alguma coisa parece podre no Brasil. O país inteiro parece estar sendo atingido por uma série de crises simultâneas como em uma tempestade perfeita. Economia, recessão, desastres ambientais, polarização política extremista, covid 19 e agora o naufrágio do sistema judicial.
Outra trovoada em um céu de nuvens pesadas que há 7 anos foi preenchido com esperança quando um jovem juiz chamado Sérgio Moro, em março de 2017, uma operação anti corrupção chamada Lava Jato, envolvendo a gigante do petróleo Petrobras, empresas de construção e um número impressionante de líderes políticos.
De uma só vez o impetuoso juiz e seu time de acusação, com o apoio do judiciário e da grande mídia, conseguem finalmente limpar o Brasil da corrupção. Os números são impressionantes.
1.450 mandados de prisão são emitidos, 533 indiciamentos e 174 pessoas condenadas. Não menos que 12 brasileiros, peruanos, salvadorenhos e panamenhos. Chefes de estado e ex chefes de estado implicados além da soma de 4,3 bilhões de reais foram recuperados para os cofres públicos de Brasília. Até mesmo o ex Presidente Lula, amado pela maioria dos brasileiros não conseguiu resistir à onda anti corrupção e se viu atrás das barras.
E então de repente, do nada ou quase do nada, em menos de dois meses, a operação inteira desmoronou como um suflê. No início de fevereiro os promotores públicos federais anunciaram o fim da Lava Jato e o desmantelamento o time de promotores de uma forma nunca vista.
A Suprema Corte (o supremo tribunal) ordenou que as acusações sobre o ex Presidente Lula fossem retiradas. 15 dias depois, no dia 23 de março, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o Juiz Sérgio Moro havia sido tendencioso em suas investigações.
A maior investigação anti corrupção do mundo, como o supremo chamava a Lava Jato, acabou por se tornar o maior escândalo judicial da história do País.
Depois de mais de sete anos de procedimentos, o cerne do sistema judiciário brasileiro foi desacreditado em forma e substância criando um abismo acerca de seus métodos, meios e escolhas.
Certamente o site de notícias The Intercep, criado no Rio de Janeiro pelo jornalista americano radicado no Brasil Glenn Greenwald e seu sócio, bilionário do Vale do Silício, Pierre Omidyar, não parou de apontar todas as irregularidades e erros da operação mesmo depois de passados dois anos.
108 matérias publicadas até o momento levantaram o véu de suspeição das mensagens comprometedoras entre o Juíz Sérgio Moro e a acusação lançando luz sobre os vínculos mantidos fora de qualquer contexto legal por esses promotores da Lava Jato com agentes do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ – Department of Justice), destacando inclusive um viés político de algus integrantes da Lava Jato, obcecados em bloquear ou desmerecer o PT (Partido dos Trabalhadores).
A Agência A Pública, uma, agência séria de notícias fundada em São Paulo por jornalistas mulheres, mostrou da mesma forma como as irregularidades casavam com a grande confusão da operação.
Depois dessas revelações ficamos com aquele gosto forte de negócios inacabados, a sensação de um julgamento fracassado e uma bagunça antológica em uma investigação que prometia ou pretendia ser um modelo de seu tipo.
Uma resposta
Infelizmente, não se trata de nenhuma tempestade, trata-se de um ataque planeado a muito pelos EUA, com o intuito de apoderarem-se das grandes reservas de petróleo descobertas no pré sal, desfazerem-se dá concorrência com as grandes construtoras brasileiras mundo a fora e principalmente voltar a colocar o país subordinado aos interesses americanos. Mas nós que acreditamos num projecto de Brasil, seguiremos denunciando e lutando para restabelecer nossa soberania e para punir todos os players envolvidos neste atentado à nossa democracia e à nossa sociedade, que está pagando com vidas de nossos irmãos os desmandos destes criminosos.<spoiler>