Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) hostilizaram um cinegrafista e um repórter da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, durante as celebrações do Dia de Nossa Senhora Aparecida no Santuário Nacional de Aparecida. A cena foi transmitida ao vivo pela CNN Brasil, na qual foi possível ver que bolsonaristas ameaçavam com xingamentos e gestos violentos os profissionais, que tiveram que ser retirados por seguranças da TV Aparecida, ligada ao Santuário. O grupo acompanhava a missa em homenagem a padroeira do Brasil, que teve participação de Jair Bolsonaro.
Confira o vídeo do momento:
Bolsoanro, ao chegar na basílica, gerou confusão com bolsonaristas entonando coros o chamando de “mito”, mesmo com o padre Eduardo Ribeiro, que conduzia a cerimônia, pedindo silêncio da plateia.
Essa não é a primeira vez que apoiadores do presidente atacam jornalistas durante as comemorações da padroeira do Brasil em Aparecida. Em 2021, o cinegrafista Leandro Matozo e o repórter Victor Ferreira foram insultados pelo bolsonarista Gustavo Milsoni, morador de Mogi das Cruzes (SP). Após xingar a equipe de reportagem e dizer que “se pudesse” mataria os jornalista, Milsoni cabeceou o cinegrafista, o deixando ferido.
O arcebispo de Aparecida (SP), Dom Orlando Brandes, discursou para a multidão de fiéis e reiterou a necessidade de combater o “dragão do ódio”, da mentira, do desemprego, da fome e da incredulidade. “Nós temos um compromisso ético com a verdade. A verdade na política, mas a política caminha muito pelos caminhos ideológicos, que são caminhos de grupos e interesses pessoais”, afirmou Dom Orlando, em entrevista a jornalistas, nesta quarta-feira (12/10).
Em resposta a organização de uma leitura do terço posterior a realização da missa, que contaria com a participação de uma comitiva de Bolsonaro e grupos bolsonaristas, o arcebispo declarou que “não é uma iniciativa nem do santuário nem da arquidiocese. Todas as pessoas são livres. É preciso respeitar os credos, vai ser em um lugar neutro, então está tudo dialogado e as pessoas têm direito à sua manifestação”.
Nesta terça-feira (11/10), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou uma nota na qual lamentava o uso eleitoreiro da religião, sem citar nomes de candidatos. Ainda, a CNBB destacou que a manipulação religiosa “desvirtua valores do Evangelho e tira o foco dos reais problemas que precisam ser debatidos e enfrentados no País”.
Dom Orlando também saiu em defesa da “identidade de religiosa” na manhã deste feriado. Bolsonaro, que se autodeclara católico, tem cada vez mais se aproximado da igreja evangélica com visitas a cultos e encontros com líderes da religião. “Ou somos evangélicos ou somos católicos. Então, nós precisamos ser fiéis à nossa identidade católica”, colocou o arcebispo.